Em períodos mais prolongados em casa, é importante encontrar formas de entreter os filhos, com ideias de diversão, ainda mais quando é preciso conciliar rotinas dos mais pequenos com o trabalho (home office por exemplo) ou outros afazeres dos pais.
Como lidar com as crianças quando passam os dias em casa, criando atividades para entretê-las e, ao mesmo tempo, esclarecer que, apesar do tempo livre, este não é um período comum de férias? Porém e como grande parte dos familiares, que começam a trabalhar no modelo de teletrabalho (que tenderá a generalizar-se), este é um momento oportuno para, além da diversão, criar regras e estreitar laços entre pais e filhos.
Não dá para esconder a situação dos mais novos. O importante é passar a mensagem, aproveitando a oportunidade para estabelecer um diálogo sincero e construtivo. Esclarecer que, bem diferente das férias escolares normais, é tempo adotar medidas de prevenção e continuar as nossas vidas e tarefas com os meios que temos agora à disposição.
É inegável, como comprovam educadores e psicólogos, entre outros profissionais, a importância do brincar no desenvolvimento social, emocional e cognitivo das crianças. No entanto, alguns pensam que essa atividade se restringe a elas, quando, na verdade, os adultos podem e devem participar deste universo.
Este envolvimento não só estreita laços afetivos entre pais e filhos como também aumenta o interesse e a motivação da criança, pois o momento lúdico leva a uma interação positiva para ambos, já que o adulto pode ajudar a criança a lidar com algumas emoções, como a frustração da derrota, assim como estimulá-la, propondo problemas que exijam soluções.
Se brincar é uma forma de socializar, seja por meio da música, do corpo, do gesto e da escrita, também desempenha um papel essencial no sentido de mostrar a importância de saber partilhar, cooperar com o outro, comunicar e relacionar-se em diferentes situações, desenvolvendo respeito por si mesmo e pelo outro, num processo que promove até a auto-estima.
Brincar é uma forma de pais e filhos promoverem um diálogo aberto, marcado pela liberdade do falar e do sentir, uma maneira de compreender o mundo que nos rodeia e de nos darmos a conhecer a nós próprios.
Entre as possibilidades de distração estão os “ecrãs” e não vale a pena lutar com esta evidência – é uma característica do tempo deles. Mas tudo pode e deve ser bem doseado para garantir o tal equilíbrio. Brincadeiras antigas, sem recurso à tecnologia e exercícios de organização da rotina podem ser uma boa opção para fazer as crianças mexerem-se e manterem-se ocupadas.
Uma ideia é manter a agenda diária, como os horários para dormir, alimentação e banho, para que percebam que o ritmo não é de férias. O que muda na programação são as horas de brincadeira, seja com os pais, irmãos ou sozinhos.
Atribuir tarefas do lar também é uma maneira de entretenimento e, ainda mais, desenvolve um senso de responsabilidade quanto ao compromisso de manter a casa limpa e arrumada – ajustando à idade, dá para fazer tudo a brincar. Ao concluir uma incumbência, os pais podem incentivar os filhos com um gesto de celebração.
Para gastar energia, use e abuse da criatividade! Patinagem de meias, guerras de Nerfs, ouvir música ou fazer ginástica em família (há uma serie de aulas online e que com paciência saberá adaptar a todos). Ou atividades de imaginação, como criar os próprios brinquedos a partir da reciclagem, desenhar, escrever cartas aos amigos e aos avós também em isolamento. Para os maiores, palavras cruzadas, inventar o próprio jogo de tabuleiro, criar roupas para os bonecos, jogos de memória, sessão de cinema em casa, caça ao tesouro ou cuidar de plantas.
Também a leitura, que pode motivar uma encenação teatral. Se for o caso de haver irmãos que interagem bem, há lugar para brincadeiras conjuntas. Depois da algazarra, a arrumação é mais um motivo para seguir com a diversão.
Voltando aos ecrãs, diferentes plataformas disponibilizam conteúdos educativos e divertidos para as crianças, além de materiais para ajudar pais e educadores. No YouTube, procure canais como música, literatura, culinária, tutoriais de desenho, entre outros – ideias para ampliar o reportório infantil.
Os psicólogos defendem que brincar com os filhos é importante para a saúde física e mental dos adultos também. Ao brincarmos com os nossos filhos ou outras crianças, resgatamos parte da nossa história e da criança que fomos um dia. É importante trazer a brincadeira para cada atividade relacionada ao cuidado diário. Além de nos afastar a nós próprios dos nossos tablets ou telemóveis (e até dos problemas momentaneamente) fará com que valorizemos cada momento do dia-a-dia enquanto pais.
Uma criança cuidada por meio da brincadeira e do lazer é mais feliz, pois ela acaba por descobrir que a felicidade não é um destino, mas sim um caminho e nós adultos desfrutamos, de forma positiva, ainda mais daquele que é o nosso maior bem, os nossos filhos.
Vivemos um momento difícil, mas se a vida nos dá limões temos de fazer limonada, neste caso deu-nos a oportunidades de estarmos intimamente conectados com quem mais importa. Agarre esta oportunidade e juntos em casa tirarem o melhor disso tudo.