Apoios financeiros a condomínios: Oportunidade ou dor de cabeça?

Imoveis Figueira da Foz

O Programa de Apoio a Condomínios Residenciais tem como objetivo o financiamento de medidas de eficiência energética que promovam a melhoria do conforto térmico dos edifícios residenciais que contribuam para a redução da fatura energética e a renovação do parque habitacional existente. O Programa visa promover a adoção de medidas de isolamento térmico das fachadas, coberturas e pavimentos, as quais apresentam maior potencial de eficiência energética e poupança de energia em edifícios residenciais.

O Programa abrange edifícios de habitação existentes multifamiliares, em regime de propriedade total com andares ou divisões susceptíveis de utilização independente ou em regime de propriedade horizontal, licenciados para habitação até 31 de dezembro de 2006, inclusive, em todo o território nacional.

As comparticipações variam entre 70 e 80% do preço das empreitadas, e o prazo limite para as candidaturas (as quais terão que ser apresentadas no site https://www.fundoambiental.pt/) termina no dia 28 de dezembro de 2023, ou antes desse prazo, caso se esgote a dotação prevista de 12 milhões de euros.

No entanto há várias condicionantes a ter em conta, e que, bem vistas as coisas, poderão determinar que apenas uma pequena franja do tecido imobiliário residencial português condições de elegibilidade para o presente apoio.

Senão vejamos:

1) Apenas são consideradas as candidaturas que incluam a aplicação de isolamento térmico em toda a envolvente exterior opaca (paredes, coberturas ou pavimentos), obrigando neste caso a aplicação de ETICS (sistemas de isolamento térmico pelo exterior) em todas as paredes exteriores do seu edifício;

2) As soluções de Isolamento Térmico têm de cumprir os regulamentos nacionais e comunitários em vigor relativos ao desempenho energético dos edifícios, obrigando a elaboração dum projeto e o reforço da espessura da camada de isolamento térmico a aplicar, o que onera significativamente os custos previstos;

3) No caso de aprovação de candidatura, o condomínio é obrigado a contratar um técnico, certificado pela ADENE, para fiscalização e acompanhamento dos trabalhos;

4) Cada candidatura é obrigada a obter dois Certificados Energéticos por fração, emitidos por Perito Qualificado, antes e depois da realização das obras. Esta exigência corresponde a um custo adicional aproximado de 400€ por cada fração, ou apartamento;

5) O programa não abrange custos relativos a licenciamentos, direção e fiscalização da obra, acompanhamento técnico, coordenação de segurança, projetos, obtenção de Certificados Energéticos, elaboração de Caderno de Encargos, obras de adaptação do edifício e imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA);

6) Aquando da submissão da candidatura será necessário apresentar entre outros, os seguintes documentos: Caderneta Predial Urbana, Título Constitutivo de Propriedade Horizontal, Licença de Habitação de cada fração, ata da deliberação do condomínio que aprovou a empreitada, comprovativo da capacidade financeira, certificados energéticos, declaração de compromisso, registo fotográfico, identificação e caracterização de todas as frações autónomas consideradas na candidatura.

Ou seja, é preciso ter muita atenção pois caso a candidatura seja recusada por qualquer motivo, o condomínio poderá ter que fazer face aos compromissos, entretanto assumidos perante o empreiteiro.

Joaquim Gomes, Sociedade de Advogados, RL, in Diário As Beiras (31/07/2023)

As Persianas

Imóveis Figueira da Foz

É preciso ver a rua, o que lá acontece, quem sobe e desce, as pessoas que entram nas casas atrás das árvores. As copas são amplas e derramam as sombras na calçada. Fora de horas, os passos ecoam nas paredes, ouvem-se os saltos, consigo imaginar a porta onde se silenciam.  Depois das dez, as persianas descem, é esse o momento que separa verdadeiramente o dia e a noite. No Verão há quem deixe as janelas abertas, nos andares superiores, para arejar a casa. Os gatos adormecem no parapeito, equilibram-se numa nesga de espaço, são a companhia contra alguma solidão. Nos prédios mais antigos, vivem muitos idosos, pessoas que sempre moraram ali, onde os filhos cresceram, até ficarem sozinhas.

Cada janela conta uma história. Quando a rua tinha muitas crianças, as mães e as avós vigiavam a criançada das janelas e das varandas. Agora estão sós, os filhos são pais e os netos brincam noutros lugares. O abandono dos prédios é uma dolorosa realidade. Nos quintais a erva invade as portas de entrada. Ainda há limoeiros e outras árvores que continuam indiferentes às vozes de outrora. Num dos prédios, o cão morreu primeiro que o dono; com as chuvas, as ervas tomaram altura e as paredes ficaram sujas. O tempo gastou a vida. O que dói é não poder parar o tempo: ficar com as crianças, as avós, os animais e os sons da brisa nascente que, ainda, trazem os cheiros das hortas.

Quando as persianas descem, escondem-se os cabelos brancos, as memórias e as perdas. Calam-se as conversas entre as vizinhas. As sombras ocupam os espaços interiores; as fotografias, nos móveis, perpetuam o passado. A noite instala-se onde outrora se escutava a respiração dos corpos. Não é o fim do mundo, mas um retrato do mundo que já existiu e, talvez, o seu recomeço noutro lugar.

Rua acima, os prédios do Estado Novo impõem-se pelas fachadas austeras, são construções sólidas, com garagens exteriores e amplos espaços na retaguarda. Eram casas destinadas aos altos funcionários do Estado, muitos já falecidos. Os herdeiros descaracterizaram o bairro, arrendaram os apartamentos – todos os anos chegam novos inquilinos, a maioria estudantes. Ainda há quem se sente nas soleiras das portas, ao final da tarde, para tagarelar com as vizinhas que chegam devagarinho. Algumas vêm de avental e chinelos de quarto; sem pressa, encostam-se ao muro, desenrolam a língua até o vento encanar. É um ritual que ainda pode durar alguns anos. Ali, ainda, permanecem as recordações de ilustres figuras, que atravessavam a rua: Miguel Torga e Rui de Alarcão.

Quase tudo fica à distância de quinze minutos a pé: o hospital, os centros comerciais e de saúde, a maternidade, a biblioteca e escolas públicas, a Faculdade de Economia e o Jardim da Sereia. Talvez, por isso, alguns estrangeiros tenham feito significativos investimentos. A rua está a mudar muito depressa.

Onde havia velhas casas térreas, erguem-se prédios. Há um renascimento acelerado, à medida que os velhos inquilinos morrem.  Nos postes resistem papéis das funerárias com os nomes dos que faleceram.

Alguns estão esmaecidos, mas a fotografia permanece a lembrar-nos que viveram ali e eram vizinhos. A transformação urbanística há-de ser mais visível quando um velho edifício for transformado numa residência universitária. As muitas casas que já foram felizes ostentam os traços da arquitectura como representação de poder e de riqueza.

Um misto de tristeza atravessa os nossos olhos, é, talvez, a angústia da finitude que acicata o existencialismo. Sabemos que nada é eterno, que “todo o mundo é composto de mudança”, mas resistimos a pensar nisso, quando a dor e a metáfora de uma persiana que se fecha para sempre.

António Vilhena, Escritor, in Diário de Coimbra (27/07/2023)

Futuro da Habitação

Imoveis Figueira da Foz

O preço elevado das habitações nas cidades, reflecte um certo grau de sucesso urbano. Quando este sucesso não é acompanhado por uma quantidade suficiente de novas habitações, então a procura aumenta, em relação ao número de fogos existentes e os preços disparam, fazendo com que a cidade fique ao alcance de apenas alguns privilegiados. Isto acontece em várias cidades do mundo e a forma de as tornar mais equilibradas, mais agradáveis para viver e mais produtivas é garantido que existem locais com habitações de valores acessíveis para todos os estratos socioeconómicos.

Não parece existir uma resposta única para a resolução do fenómeno da carência de habitação com que hoje nos deparamos. Sabemos que o problema não é novo e não deve ser visto isoladamente, mas acompanhado de iniciativas de combate à pobreza, melhoria da educação e de acesso a empregos decentes ou de outros aspetos que afetam a qualidade de vida das pessoas. Contudo talvez haja um conjunto de medidas que ajudem a contrariar este paradigma, a começar pela atração de soluções empresariais, ou governamentais, de construção para arrendamento a preços equilibrados, a reinvenção das cooperativas de habitação, o reforço do setor social e do direito à habitação intergeracional.

Para todas elas, uma coisa parece certa, é impossível falar em facilitar o acesso à habitação sem a existência de casas contudo, neste momento, existe uma carência de habitações no mercado.

Para ajudar a resolver este problema precisamos de uma governação que faça e que deixe fazer, que atraia a iniciativa privada a contribuir para este papel, e que agilize a possibilidade de construção de mais habitações, se possível mais próximas dos locais onde exista emprego.

Moradias Figueira da Foz

Esta carência obrigará a repensar as habitações, a sua dimensão, o modo como se projectam e se constroem, mas também o modo como vivemos o espaço doméstico. Com o aumento das preocupações com as alterações climáticas e a necessidade de reduzir as emissões de carbono, a habitação terá de ser pensada com foco na eficiência energética. A utilização sustentável dos recursos, incluindo mais tecnologias de energia renovável, isolamentos térmicos ainda mais eficientes, materiais de construção amigos do ambiente, sistemas de gestão de energia eficazes e sobretudo a adoção de princípios de utilização da casa mais equilibrados e ambientalmente mais sustentáveis. Neste sentido, a necessidade urgente de criação de habitação está a provocar na construção inovações significativas. A utilização de métodos de construção modular, a pré-fabricação pesadas, ou a impressão 3D estão cada vez mais presentes no léxico da indústria da construção. Estas abordagens, que envolvem a produção de componentes de construção em fábrica e a sua montagem no local, vão certamente acelerar o processo construtivo e reduzir custos finais de investimento. Também com a alteração dos estilos de vida e o aumento do trabalho remoto, é provável que as casas no futuro sejam projectadas para serem mais flexíveis e multifuncionais. Os espaços serão adaptáveis para atender a diferentes necessidades ao longo do dia, permitindo que as pessoas trabalhem, descontraiam e se divirtam no mesmo espaço. Esta mudança permitirá a otimização das áreas de construção, contribuindo para a redução dos custos finais da habitação. Para isso, teremos de estar todos mais permeáveis à mudança.

Para além da habitação de cada um, a forma como as comunidades são planeadas também tem tendência a mudar. A ideia de um Urbanismo Social começa a crescer, e a participação ativas das pessoas nas cidades também se começa a fazer sentir. Há uma crescente tendência para a criação de bairros sustentáveis, onde os moradores têm contacto de proximidade com espaços verdes, transportes públicos eficientes, infraestruturas inteligentes e comodidades compartilhadas, como espaços de trabalho, áreas de lazer e serviços comunitários.

Num mundo onde a informação e a passagem do conhecimento se tornam cada vez mais preciosos, as cidades, por serem o local onde as pessoas se encontra, tornaram-se ainda mais importantes e com maior tendência a evoluir.

Quanto mais as cidades tiverem a capacidade de juntar pessoas, seja pela disponibilização de habitação e qualidade do seu território, seja em contexto de trabalho ou apenas por diversão, maior será a sua vantagem para atrair talento no futuro.

Hugo Tocha, TUU, in Diário de Coimbra (29/06/2023)

50 Anos de Desastre na Habitação

Imóveis Figueira da Foz

Hoje trago-vos uma história que não há como partilhar convosco. Vou contar-vos a história do senhor Francisco (nome sempre fictício…mas que é bem real). O Senhor Francisco tem 84 anos e é emigrante na Venezuela, desde a sua juventude. Como a maioria dos outros emigrantes naquele malfadado país, apesar dos seus 84 anos, continua a trabalhar para garantir uma vida com padrões mínimos de dignidade. Recentemente, o senhor Francisco herdou dos pais, aqui, em Portugal, um prédio de 4 apartamentos, e uma parte de um prédio com dois apartamentos, já bem antigos e a acusar o desgaste do tempo.

Os prédios estiveram sempre arrendados, embora neste momento só um dos apartamentos em cada prédio, estejam ocupados. O condicionamento das rendas ao longo dos anos e um conjunto de leis que favorecem a transmissão dos arrendamentos em família, fizeram com que as rendas recebidas nunca tivessem beneficiado a vida dos pais do senhor Francisco, nem mesmo permitido a reabilitação dos prédios. Neste momento, o senhor Francisco tem propostas de compra de ambos os prédios por valores próximos ao meio milhão de euros, mas a ocupação parcial está a impedir a transacção e subsequente reabilitação dos prédios.

Na verdade, os pais do senhor Francisco não obtiveram nenhum benefício significativo de um património importante que o tempo e as circunstâncias têm vindo a degradar. O senhor Francisco, do mesmo modo, também não obterá nenhum benefício desta herança e terá que continuar a trabalhar aos 84 anos, para viver com um mínimo de decência. O Estado, por sua vez obtém um valor muito baixo de impostos porque, ainda que as taxas liberatórias sejam elevadas, o valor das rendas é muitíssimo baixo. Ao mesmo tempo, os arrendatários beneficiam de um teto com rendas muito baixas, mas vivem em condições que se degradam a um ritmo acelerado. Finalmente, este relevante património imobiliário vai-se degradar até à ruína, penalizando o mercado, o ambiente local, os centros urbanos das cidades mais periféricas e com menos turismo, e a economia familiar de pelo menos duas gerações desta família. Verdadeiramente, alguém ganhou com este cenário?

Por isso me questiono, ao mesmo tempo, quantos senhores Francisco existirão em Portugal, quantos inquilinos estarão a viver em situações de penosa insalubridade e quanto património estará assim a ser degradado e abandonado. Questiono-me ainda sobre quantos senhorios mantêm os seus imóveis fora do mercado de arrendamento, e quantos potenciais senhorios optaram por enveredar por outras formas de investimento. Mais ainda, quanto património não é reabilitado por não ser esperar uma contrapartida segura e relevante para um investimento sujeito a infinitas burocracias.

Na verdade, na última década foram construídos cerca de 110 mil edifícios, segundo o INE, quando este valor costumava ultrapassar os 300 000. Ao mesmo tempo, a reabilitação não tem acompanhado as necessidades do mercado, depois de um boom com o surgimento do alojamento local, agora também debaixo de fogo. Na verdade, os últimos 50 anos de mercado da habitação e arrendamento em Portugal não permitiram tranquilizar os senhorios, não permitiram alojar dignamente a população e levaram os preços do arrendamento e da habitação para preços estratosféricos, fora do alcance até das classes médias.

Finalmente, questiono-me: em 50 anos não aprendemos nada? Será que o último disparate conhecido como programa para o arrendamento e habitação não clarificou nada na cabeça das pessoas? Será que ninguém está a ver caminhos lógicos, óbvios até, para ultrapassar esta situação? Será difícil perceber como um estímulo claro aos mercados do arrendamento, reabilitação e construção poderiam impulsionar a economia nacional, reforçando o seu potencial de crescimento, tirando partido do turismo e do investimento internacional, e resolvendo o problema das famílias? Estamos à espera de quê para dar condições objetivas às pessoas para terem acesso a uma habitação digna e em condições que não as leve a sacrificarem as suas condições objectivas de vida?

Arnaldo Coelho, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, in Diário As Beiras (29/05/2023)

Adaptação de Habitações – Como Promover a Inclusão e Autonomia de Pessoas com Deficiência Motora

Imoveis Figueira da Foz

Adaptar uma habitação para atender às necessidades de um deficiente motor é fundamental para garantir a sua autonomia e qualidade de vida. Existem várias considerações importantes a ter em conta ao realizar essas adaptações.
Começando pela entrada, é fundamental remover barreiras físicas, como degraus, e garantir uma passagem nivelada. Rampas ou elevadores podem ser instalados para facilitar o acesso. As portas devem ser suficientemente largas para permitir a passagem de cadeiras de rodas.

Dentro da habitação, é necessário garantir espaços amplos e corredores largos para permitir a circulação fácil e segura de uma cadeira de rodas. Os interruptores de luz e as tomadas devem estar posicionados a uma altura acessível. Além disso, é importante considerar a altura dos móveis, certificando-se de que são facilmente alcançáveis.
A casa de banho é uma área crítica que requer atenção especial. Barras de apoio devem ser instaladas em torno do vaso sanitário e do chuveiro para fornecer estabilidade. É importante garantir que o chuveiro seja acessível, com espaço suficiente para a entrada de uma cadeira de banho. Um lavatório com altura ajustável e espelhos inclinados também podem ser úteis.
A cozinha também pode ser adaptada para facilitar a utilização por parte de um deficiente motor. A altura dos balcões e pias deve ser ajustável para acomodar diferentes utilizadores. Armários com sistemas de abertura suave e electrodomésticos com controlos de fácil alcance são recomendados.

É essencial escolher pavimentos antiderrapantes e nivelados em toda a habitação, evitando tapetes soltos ou pisos escorregadios. As superfícies devem permitir a facilidade de movimentação de uma cadeira de rodas, sem obstáculos desnecessários.
Adaptar uma habitação para um deficiente motor requer planeamento cuidadoso e atenção aos detalhes. Cada caso é único, e é recomendado procurar orientação profissional para garantir que as adaptações sejam feitas de forma eficiente e segura, promovendo a inclusão e o bem-estar do indivíduo.

Da Nova Carta de Leipzig ao Pacto de Amesterdão à Agenda Territorial 2030

Imoveis Figueira da Foz

Refere o Site da Direção Geral do Território que, da mesma forma que a original Carta de Leipzig adotada em 2007, a Nova Carta de Leipzig adotada a 30 de novembro de 2021, é um documento informal de natureza estratégica que pretendes ser uma referência para o desenvolvimento sustentável das cidades Europeias.

Esta Nova Carta apresenta um conjunto de desafios e objetivos de políticas urbanas estruturados em três dimensões, a “Cidade Justa”, a “Cidade Verde” e a “Cidade Produtiva”.

A “Cidade Justa” deve oferecer oportunidades para que todos os cidadãos se integrem na cidade. Todos os grupos sociais incluindo os mais vulneráveis, devem ter igualdade de acesso aos serviços de interesse geral. Deve haver maior cuidado na observância das necessidades dos diferentes grupos que constituem uma sociedade, incluindo a população mais idosa a população com necessidades especiais, os jovens e as famílias carenciadas. Deve, também, ser promovida a integração social dos diferentes grupos sociais e étnicos.

A “Cidade Verde” é aquela que contribui para o combate ao aquecimento global do planeta e para a elevada qualidade ambiental do ar, da água, do solo e do seu uso. A cidade verde deve concorrer para o desenvolvimento de ambientes urbanos de alta qualidade como espaços verdes e recreativos, implementar medidas de eficiência energética públicas e fomentar as privadas bem como garantir a construção de edifícios resilientes ao clima local e neutros em carbono. Esta inovação exigirá investimentos em tecnologias inovadoras e eficientes bem como mudanças radicais na produção e no consumo permitindo o estabelecimento de uma economia circular que garanta o uso sustentável dos recursos e que assim reduza significamente os resíduos e as emissões de carbono. Também a Cidade Verde é chamada a proteger e a regenerar ecossistemas ameaçados, garantindo a sua conectividade dentro das áreas urbanas (corredores verdes urbanos).

Igualmente os sistemas de mobilidade urbana devem ser eficientes, neutros em carbono e multimodais incluindo a assunção clara e inequívoca da mudança para o transporte público e para a mobilidade suave.

A “Cidade Produtiva” deve possuir o poder transformador das cidades culturais e criativas, inovadoras, tecnológicas e competitivas, baseadas numa economia diversificada que gera empregos diversificados e qualidade de ida. Deve, no entanto, também estar preparada para acolher negócios de pequena escala estimulando, por exemplo, a agricultura urbana ou periurbana para garantir cadeias de produção para consumo de proximidade e, activando o “R” de Reparação da economia circular, com a promoção de locais de tipo “Repair Café” entre centenas de exemplos que poderiam ser referidos.

Em conjunto com as linhas de rumo estratégicas da Nova Carta de Leipzig foi igualmente aprovada a Agenda Urbana para a União Europeia (Pacto de Amesterdão) que “tem como objetivo promover o maior envolvimento das cidades europeias e o reconhecimento da dimensão urbana no processo legislativo comunitário, no acesso ao financiamento europeu e na partilha do conhecimento”.

Esta Agenda Urbana “salienta o potencial e relevância das áreas urbanas enquanto vetores de crescimento económico e de inclusão social, bem como de inovação e criatividade perante desafios emergentes” e “Traduz-se na definição de três pilares para a conceção e aplicação das políticas comunitárias”, a saber: melhor regulação, melhor financiamento e melhor conhecimento.
Esta Agenda depende exclusivamente da mobilização voluntária das autoridades locais em parcerias mobilizadoras.

Em paralelo com a Agenda Urbana para a EU foi adotada, a 1 de dezembro de 2020, pelos Ministros responsáveis pelo ordenamento do território e coesão na EU, a Agenda Territorial 2030 que é um documento de políticas orientadas para a promoção da coesão territorial, cuja epígrafe é “Um futuro para todos os lugares”.

Deste modo, a Nova Carta de Leipzig, o Pacto de Amesterdão e a Agenda Territorial 2030, são documentos que reclamam aos atores políticos locais, regionais e nacionais que contribuam para um futuro inclusivo e sustentável dos territórios, auxiliando a EU a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável numa Europa Justa e Verde.

Justa porque deve oferecer perspectivas de futuro para todos os lugares e cidadãos combatendo as desigualdades entre territórios e Verde porque deve proteger e melhorar a qualidade ambiental do território e a qualidade de vida dos cidadãos.

Concluindo, estamos perante uma estratégia europeia que deverá ser adotada e operacionalizada não só pelas autoridades nacionais e regionais, mas principalmente pelas autoridades locais, enquanto motores dos seus territórios e da qualidade de vida dos seus cidadãos.

António Veiga Simão, Geógrafo, PG Planeamento Territorial, in Diário As Beiras (11/05/2023)

Habitação Sobrerregulamentada

Imoveis Figueira da Foz

É sabido que, devido a um complexo de causas, entre as quais está também a ideia peregrina de que as cidades não se planeiam, está instalado em Portugal um grave problema habitacional, a que alguns, não despropositadamente, chamam crise.

Importa aqui falar de uma das causas desse problema, a excessiva regulamentação. Não se constroem mais habitações porque a aprovação é morosa e desmotivadora.

Em 2006, os sociólogos Manuel Villaverde Cabral, na coordenação, e Vera Borges, publicaram um relatório sobre o exercício da profissão de arquitecto/a em Portugal. Esse documento representa, ainda hoje, o melhor barómetro da prática arquitectónica neste país.  É muito claro, substancial, rigoroso e exaustivo. Entre muitas outras circunstâncias da prática arquitectónica, refere como problemas mais importantes da profissão em geral:

-Burocracia da Administração Pública e

-Legislação Contraditória/Desactualizada;

Quando se juntam estes dois problemas, o relatório assevera que mais de 50% dos arquitectos se queixam de uma e de outra coisa (…) e remata afirmando que, ao pé destes, todos os problemas identificados são menores.

O mesmo documento refere ainda que, se estivesse toda compilada, a regulamentação pela qual se rege a prática profissional corresponderia a um volume com cerca de 400 páginas. Mas, de entre essas 400 páginas, cerca de 60%, 240 páginas, portanto, contêm contradições no confronto com outra regulamentação. Enfim, um absurdo labirinto normativo que hoje, 17 anos volvidos sobre o relatório, está longe de ser resolvido, se não tiver sido agravado.

As contradições são muito evidentes, todos/as os/as profissionais se queixam delas. As de segurança de equipamentos são compatíveis com as normas térmicas, em geral, o que para algumas armações normativas é obrigatório, para outras é interdito.

O principal responsável por este emaranhado continua a ser, porém, o Regulamento Geral das Edificações Urbanas, o célebre RGEU. Já com cerca de 70 anos, o RGEU tem vindo a ser sendo sucessivamente enxertado com os temas a moda, a sustentabilidade, a atenção para com as pessoas com dificuldades motoras e/ou sensoriais, etc. Fica com algumas cepas rejuvenescidas, mas a maior parte dos ramos e das folhas continua completamente desactualizada. Por exemplo, na questão habitacional, é total e exclusivamente virado para a família nuclear de meados do século passado que habitava a casa burguesa, compartimentada ainda à maneira aristocrática do século XIX.

A ajudar à festa, acresce ainda a normativa urbanística municipal, obsoleta, quase toda construída em meados da década de 1980, quando a especulação fundiária era um problema grave, 90% dos projectos não eram feitos por verdadeiros profissionais e o espantalho higienista continuava ainda a ser útil nalgumas áreas centrais das nossas cidades.

Hoje, as cidades estão vazias de habitantes, algumas estão mesmo vazias de pessoas, e nós continuamos a ter muito cuidadinho com a densidade. Em cidades como Coimbra, por exemplo, onde uma parte substancial da urbanidade era conseguida pela volumosa escala edificada, na Baixa, na Alta, nas extensões de finais do Século XIX e princípios do Século XX, hoje não se constrói nada com mais de três pisos, o térreo incluído. A cidade contemporânea confunde-se com os subúrbios do século passado. Ruem edifícios devolutos, essenciais para a compreensão da memória colectiva da escala urbana, e raramente são substituídos por outros, unicamente por ignorância, por pudor patrimonial, por receio da nova construção não corresponder ao passado, não percebendo que a norma devia ser exactamente o contrário, a sua substituição imediata por um edifício com a mesma escala de representatividade urbana.

Enfim, hoje em dia tudo mudou, excepto a normativa. Continua bem aperreada na sua obsolescência kafkiana. O labirinto, cada vez mais absurdo, continua a assombrar a prática profissional, faz-se assim não porque seja útil, ou seguro, ou culturalmente adequado, mas porque a norma manda. Um emaranhado regulamentar, sem princípios constituintes.

Agora, neste momento histórico, é necessário, é urgente construir mais. Mais habitação, urbana e aberta às diversificadas exigências das novas gerações, e todas as infraestruturas necessárias a essa produção habitacional. Ora, perante este cenário, o que propõe o governo? Que os municípios eliminem o licenciamento, responsabilizando posteriormente os/as arquitectos/as pelo eventual incumprimento das normas, nos projectos que inscrevem nos serviços municipais…

Era o que mais faltava! Perante este absurdo normativo, quem o criou que o desmonte, que tenha a decência mínima de o atirar para o lixo e construir outro, inteiramente novo, mais adequado à condição contemporânea. E então sim, com certeza que os/as arquitectos/as estarão disponíveis para colaborar nessa tarefa hercúlea, mas absolutamente necessária.

José António Bandeirinha, da Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Sociais, in Diário As Beiras (10/05/2023)

Como Decorar Varandas e Terraços para o Verão?

Imobiliarias Figueira da Foz

O verão é a estação perfeita para desfrutar do ar livre, e varandas e terraços são espaços ideais para relaxar, socializar e aproveitar o clima ensolarado. Se você deseja transformar a sua varanda ou terraço num oásis de verão, aqui estão algumas dicas de decoração para ajudá-lo a criar um espaço convidativo e vibrante.

Planeje a disposição do espaço: Antes de começar a decorar, pense na melhor forma de organizar o espaço disponível. Considere o tamanho da varanda ou terraço e como você deseja utilizá-lo. Divida o espaço em diferentes áreas funcionais, como uma área de estar, uma área de refeições ou até mesmo um espaço para atividades físicas.

Crie uma área de estar confortável: Uma área de estar confortável é essencial para aproveitar o verão ao ar livre. Invista em móveis de qualidade, como sofás, poltronas e cadeiras, que sejam adequados para uso externo e resistentes às condições climáticas. Escolha almofadas macias e coloridas para adicionar conforto e estilo. Materiais como rattan, vime ou metal são excelentes opções.

Apartamentos Figueira da Foz

Adicione plantas e flores: Nada traz mais vida e frescor a um espaço ao ar livre do que plantas e flores. Escolha uma variedade de plantas que se adaptem bem ao clima local e que possam resistir ao sol e ao calor do verão. Use vasos suspensos, prateleiras ou canteiros para exibir as suas plantas. Adicionar trepadeiras em paredes ou treliças pode trazer um toque de verde mesmo em espaços pequenos.

Proteja-se do sol: O verão traz consigo o sol escaldante, portanto, é importante criar áreas sombreadas para se proteger do calor intenso. Instale um guarda-sol, um toldo retrátil ou até mesmo uma tenda para proporcionar sombra. Além de proteger contra os raios UV prejudiciais, estes elementos também adicionam um toque de estilo à decoração. Opte por cores vibrantes e estampas que combinem com o ambiente.

Use cores vibrantes: O verão é a época perfeita para incorporar cores vibrantes na sua decoração. Escolha almofadas, tapetes, cortinas ou elementos decorativos em tons vivos, como amarelo, laranja, turquesa ou rosa, para dar vida ao espaço. Cores alegres e vibrantes ajudam a criar uma atmosfera alegre e convidativa.

Adicione iluminação adequada: À medida que o dia se transforma em noite, a iluminação certa é fundamental para criar uma atmosfera agradável. Utilize luzes pendentes, lanternas ou velas para adicionar um toque romântico e aconchegante. Considere a instalação de luzes embutidas no chão ou nas paredes para criar uma iluminação suave e agradável.

Crie uma área de refeições ao ar livre: Se você tiver espaço suficiente, criar uma área de refeições ao ar livre pode ser uma ótima opção. Coloque uma mesa e cadeiras adequadas para uso externo, de preferência com materiais resistentes às condições climáticas. Complete a configuração com uma bela toalha de mesa, guardanapos coloridos e talheres de verão. Adicione um toque de charme com uma luminária suspensa acima da mesa.

Inclua elementos de água: Adicionar elementos de água ao seu espaço ao ar livre pode trazer uma sensação de frescor e relaxamento. Considere a instalação de uma fonte, uma cascata ou até mesmo uma pequena piscina. Além de criar uma atmosfera serena, estes elementos também ajudam a bloquear o ruído externo, proporcionando um ambiente mais tranquilo.

Imoveis Figueira da Foz

Aproveite o espaço vertical: Se o seu espaço for limitado, aproveite as paredes e espaços verticais para a decoração. Instale prateleiras, suportes para vasos ou treliças para pendurar plantas, decorar com lanternas ou exibir objetos decorativos. Isso ajuda a otimizar o espaço disponível e adiciona um toque visual interessante.

Personalize o espaço: Por último, mas não menos importante, adicione elementos decorativos que reflitam sua personalidade e estilo. Utilize tapetes, quadros, almofadas estampadas, esculturas ou objetos de arte para criar um ambiente único e acolhedor. Adicione detalhes que contem uma história e tragam memórias de verões passados.

Moradias Figueira da Foz

Lembre-se de que a segurança é fundamental ao decorar espaços externos. Certifique-se de que os móveis estejam estáveis, os objetos não ofereçam riscos de queda e as instalações elétricas sejam feitas corretamente, caso decida adicionar luzes ou outros elementos elétricos.

Com essas dicas, você pode transformar sua varanda ou terraço num refúgio de verão perfeito para relaxar, receber amigos e aproveitar ao máximo a estação ensolarada.

A estética, a limpeza, a diversidade e a monotonia

Imoveis Figueira da Foz

Gostamos de coisas esteticamente agradáveis e limpas. Pode variar o conceito estético, varia muito de indivíduo para indivíduo. Também pode variar o que consideramos limpo ou não. Não é fácil agradar a todos, na verdade. Muito especialmente quando se trata de gerir e planear o espaço público.

Não sendo especialista em estética (quando gosto, gosto, mas não sei porquê, é como o vinho, gosto de uns mais do que de outros, mas não sei o suficiente para explicar…) tenho que me munir de outras ferramentas, tentando lá chegar por aproximação, usando outros conceitos como indicadores.

Aqui entra a diversidade em contraponto como a monotonia. A diversidade é um razoável indicador de estética (na minha opinião, atenção) em contraponto à monotonia.

Certo que a monotonia, a repetição de uma paisagem podem ser atractivos, sem dúvida. E já estou em discussão comigo próprio, o que só reflecte o escorregadio que são as tomadas de posição absolutas sobre a estética.

Nesta altura o meu par de leitores está a perguntar-se onde é que eu quero chegar com este arrazoado… Vem a propósito do anúncio pelo executivo da Câmara Municipal da Figueira da Foz de que se irá “remover a camada vegetal que, desde há anos, cobre o lindíssimo areal da Praia da Figueira da Foz”.

Não há dúvida que a praia e o areal da Figueira da Foz são lindíssimos, mesmo considerando que não sou imparcial nesta avaliação, concordo. Mas um dos factores que, para mim, justifica essa beleza marcante, para além da dimensão, é, efectivamente, a vegetação que há alguns anos se deixou fixar e inclusivamente se promoveu com plantações.

Apartamentos Figueira da Foz

Ao invés de termos apenas um areal monótono, temos uma vegetação dunar embrionária, com espécies típicas, que asseguram alguma diversidade de paisagem sem, contudo, lhe esconderem o carácter de praia. Não só de paisagem visual mas também sonora, pois atrai algumas espécies de pássaros e insectos. E até olfactiva. Nota-se o “cheiro a duna”.

O areal é extenso e tem aumentado. A deslocação até à frente do mar é longa. No entanto, nestes últimos anos, tem custado menos pois é menos monótona. Tem vida, tem cores, tem sons, tem aromas.

Sei que, muitas vezes, há pressão das pessoas que olham para um espaço “cheio de ervas” e acham que está sujo. E pressionam para que seja “limpo”. Mas, se se explicasse o que estão a ver, que não é “lixo”, mas plantas adaptadas a areais, que fornecem habitat a espécies animais, que fomentam as espécies polinizadoras (em derrocada global assustadora), talvez começasse a generalizar-se a sua apreciação e a compreensão da sua relevância.

Na verdade, não faltará areal de areia pura na Rainha das Praias de Portugal, há espaço para todos.

Mário Reis, Biólogo, in Diário As Beiras (08/06/2023)

Sabia que partilhar determinados conteúdos na internet é crime?

Imobiiarias Figueira da Foz

Ninguém pode invocar o desconhecimento da lei como desculpa para a prática de um crime.

Por isso é tão importante que as leis aprovadas na AR sejam devidamente divulgadas e explicadas, divulgação essa que deve ir além da publicação no Diário da República, por tal informação constituir um importante instrumento de prevenção geral da criminalidade.

Num tempo de informação e desinformação voraz em que os meios digitais estão omnipresentes e as redes sociais invadiram a vida das pessoas, muitos crimes têm sido praticados nesse admirável mundo novo que é a internet.

Pela facilidade da partilha instantânea de conteúdos e pelo universo de pessoas que alcança, o prejuízo que pode causar é devastador.

Todos nós conhecemos histórias de vidas que ficaram destroçadas por terem sido partilhadas fotografias ou vídeos da esfera íntima sem a autorização das pessoas visadas.

Muitos adolescentes e adultos, na esmagadora maioria raparigas e mulheres, tentaram, inclusive, o suicídio após terem sido expostos na net conteúdos íntimos de relacionamentos passados.

Por norma estas partilhas estão associadas a comportamentos de vingança de ex-parceiros ressabiados e são replicadas por utilizadores da net vezes sem conta.

Pela gravidade que estas partilhas não consentidas revestem e pelo mal que fazem, consubstanciam crimes previstos e punidos pelo código penal.

Vem tudo isto a propósito da entrada em vigor, no passado dia 1 de Junho, da Lei 26/2003, de 30 de maio, que reforça a proteção das vítimas de crimes de disseminação não consensual de conteúdos íntimos.

Esta lei agrava, entre outras, as molduras penais para o crime de devassa da vida privada e qualifica o crime de devassa estipulando o novo artigo 193.º do Código Penal o seguinte:

“Devassa através de meio de comunicação social, da Internet ou de outros meios de difusão pública generalizada.
Quem, sem consentimento, disseminar ou contribuir para a disseminação, através de comunicação social, da Internet ou de outros meios de difusão pública generalizada, de imagens, fotografias ou gravações que devassem a vida privada das pessoas, designadamente a intimidade da vida familiar ou sexual, é punido com pena de prisão até 5 anos”.

E se da prática deste crime resultar o suicídio ou morte da vítima ou quando o interesse da vítima o aconselhe, o procedimento criminal pode ser instaurado diretamente pelo MP, sem dependência de queixa ou participação criminal do visado.

Sabendo que muitas vezes as pessoas partilham conteúdos nas redes sociais como o WhatsApp, FB ou Twitter, entre muitas outras, sem sequer se questionarem da licitude o que fazem, é importante que estejam informados e que saibam que a partilha destes conteúdos, seja por que meio for, é crime e que é punido com pena de prisão.

E não só comete o crime quem faz a primeira partilha, como também todos aqueles que a seguir a voltam a partilhar.

A lei alterou ainda o DL 7/2004, de 7/1, que impõe deveres de bloqueio e de informação aos prestadores de serviços em rede, que ficam obrigados a comunicar ao MP a detecção de conteúdos que possam constituir crime, nomeadamente pornografia de menores, discriminação ou incitamento ao ódio e à violência ou, havendo comunicação do ofendido ou de terceiros, devassa da intimidade sexual ou corporal.

É precisamente isto que consta na lei.

Os prestadores de serviços ficam também obrigados a bloquear os sítios na net que contenham este tipo de conteúdos.

Pela relevância que esta lei assume na proibição da utilização da net para partilha de conteúdos sem a autorização das vítimas, deve ser amplamente divulgada até porque o dano que estes factos causam é irreparável, bem sabendo que “uma vez na net, para sempre na net”.

Com efeito, não obstante os deveres de bloqueio dos sítios que alojam estes conteúdos, basta, por ex., um conteúdo ficar guardado num qualquer telemóvel para, num ápice, poder volta a ser disseminado.

Caberá agora à justiça investigar estes crimes com celeridade e eficácia e aos tribunais aplicar o direito.

A internet tem que deixar de ser uma “terra de ninguém”, onde proliferam perfis falsos e se praticam crimes à descarada.

Mónica Quintela, in Diário As Beiras (06/06/2023)