Um Presidente da Câmara deverá ser sempre um ser humano afável, disponível e cordial para com os seus colaboradores e os seus munícipes. Disposto a ouvir e a ponderar qualquer sugestão, reclamação, projecto ou iniciativa, sejam quais forem as perspectivas, simpatias políticas ou ideológicas. Desta forma promove a cidadania e aproxima os cidadãos dos órgãos de soberania.
A governação de um concelho deve resultar da colaboração de todos os seus elementos; governantes, instituições, associações, empresários, e cidadãos em geral. Todos temos responsabilidades na construção de um concelho dinâmico, e que possa satisfazer todos os que nele habitam, trabalham ou nos visitam.
A governação nunca poderá emanar dos gabinetes e dos burocratas
A governação tem de ter a sensibilidade de auscultar o exterior e a chamada «vida real.» Por esse motivo o presidente da Camara Municipal da Figueira da Foz terá de conhecer como ninguém o seu concelho e as pessoas que nele habitam, bem como as suas necessidades e anseios.
A aposta estratégica na reabilitação urbana
A reabilitação é a melhor forma de modernizar, respeitando a identidade de um local, mantendo a sua dinâmica, e respeitando os seus espaços emblemáticos.
Quem reabilita não deve almejar transformar o velho em novo mas sim o velho em antigo. A «Alma» dos locais, das paisagens e dos edifícios deverá ser mantida. Resistir à tentação da chamada obra nova, que embora nova, não respeita a área envolvente, e muitas vezes sem qualquer utilidade prática.
«A idade do betão», do abate de árvores, e a substituição de espaços verdes por estruturas deselegantes e frias já não deveria fazer parte dos projectos urbanos e de espaços que se querem elegantes, genuínos e acolhedores.
O concelho da Figueira da Foz deve ser prioritariamente dos seus habitantes, ou seja, da população residente. A cidade, vilas e aldeias devem evoluir com as dinâmicas dos seus habitantes. Um concelho com vida própria adquire identidade e encanto, e desta forma atrai o turismo naturalmente. Quem não gosta de visitar uma cidade que fervilha de vida genuína? A cidade não deve «acordar» apenas para os que nos visitam e em determinadas épocas do ano. Deve ter vida própria e apostar com entusiasmo no estímulo da habitação própria permanente. Quem não gostaria de viver numa cidade com a qualidade de vida da Figueira da Foz. Os eventos turísticos bem como toda a dinâmica de promoção da cidade deve ser promovida durante todo o ano.
Uma cidade bonita, limpa, com edifícios reabilitados, espaços verdes, dinâmicas culturais, comércio apelativo, cidadãos envolvidos com as dinâmicas da cidade.
Com toda a certeza os turistas que nos visitarem ficaram com uma enorme vontade de voltar e quem sabe ficar.
Politicas que estimulem a fixação de populações residentes deveriam ser prioritárias no próximo executivo camarário.
A criação de emprego e o desenvolvimento de todo o tecido comercial e industrial do concelho apresenta-se como uma estratégia coerente e eficaz, numa abordagem inicial, mas outros caminhos devem também ser seguidos, nomeadamente através da «captação» de população sénior, bem como de estrangeiros.
A cidade da Figueira da Foz, a vila de Buarcos, bem como as restantes freguesias do concelho têm uma beleza natural que pouco estimulo turístico necessitam, a não ser a divulgação simples e directa dos seus «encantos.»
O Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz que resultar destas eleições deverá resistir à tentação da promoção turística com vista ao turismo de massas, e mais nefasto, ao turismo indiscriminado, sem qualquer referência ou «target», apenas com o objectivo que nos visitem. Nunca deveremos esquecer que o que importa é a qualidade e não a quantidade. Politicas turísticas bem definidas, levando em linha de conta quem realmente desejamos atrair ao nosso concelho.
Obviamente que os desafios e a complexidade da governação não se restringe apenas a esta modestas sugestões, mas julgo que apostar na habitação própria permanente, tendo como prioridade a qualidade de vida das populações residentes, o cuidado a ter na construção de novas infra-estruturas, procurando não descaracterizar os espaços, apostando na reabilitação urbana e na transformação do velho em antigo. A prioridade na captação de novas industrias, o estímulo do turismo com estratégia e objetivos bem definidos.
António Ambrósio