“O Regresso à Escola”

 

Setembro, mês em que os hipermercados se enchem de materiais escolares e de pais com os respetivos filhos na azáfama para as aguardadas compras. Após aproximadamente dois meses das aulas terminarem, o desejo de voltar à rotina letiva aumenta. O mês de setembro de 2021 acompanha mudanças, indecisões, expectativas e incertezas. Lidámos com circuitos restritos no interior do recinto escolar, aulas online, sistemas híbridos… passámos por aulas síncronas e assíncronas.

Aprendemos a lidar com alterações de horários e salas de aulas, adaptações tecnológicas imediatas e uma adaptação global exigida quer a todos os profissionais de Educação, quer a todos os pais e crianças envolvidas. Tudo isto num curto espaço de tempo de, sensivelmente, um ano e meio.

Coloquemo-nos por um momento no lugar de uma qualquer criança do ensino básico: em março de 2020, ouve falar da covid-19.

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A escola fecha portões e, de repente, o que era a sua rotina diária, deixa de existir. Deixa de ver os colegas e amigos, de poder brincar fora de casa, de poder ser criança em certa medida. Posteriormente, é confrontada com aulas através de ecrãs, o que muito provavelmente se traduz em pelo menos sete horas diárias obrigatórias em frente a um computador.

O computador: uma ferramenta que se tornou o ator principal no que diz respeito à Educação neste drama pandémico. Um ator principal que, como tudo na vida, tem um potencial destrutivo, se assim o deixarmos. O aluno do ensino básico chega a setembro de 2021 com este turbilhão de acontecimentos e adaptações experienciados num curto espaço de tempo. Emoções como medo do vírus e a ansiedade criada por pensamentos de incerteza quanto ao caos que se viveu (e se vive). Expetativas de poder ver e falar com os colegas de forma livre, outrora normal.

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Outra questão que emerge é a do uso de máscaras. A sua duplica capacidade de proteger a nossa saúde e, por outro lado, de mascarar as nossas emoções.

Passámos de observadores de expressões faciais para observadores de olhares. Deixamos de ver sorrisos para ver as cores das máscaras e imaginar um sorriso por detrás das mesmas. À semelhança, na sala de aula, o professor de vinte cinco alunos é confrontado com um abafador de som e um feedback de aprendizagem dificultado pelo uso das máscaras. As crianças, por sua vez, são confrontadas com algo que retira parte da comunicação não verbal que é tão importante para o estabelecimento de relações interpessoais saudáveis.

Setembro de 2021. Um regresso tão aguardado por milhares de crianças portuguesas. O desejo, a expetativa, a euforia de voltar. Voltar com o desejo e a expetativa de uma escola segura, livre e Humana.

Paulo Cunha e Bárbara Alves, Psicólogos na Metal School Figueira da Foz

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