Os negócios ligados ao turismo e ao sector imobiliário, vão ser os grandes faróis da retoma e da sustentabilidade de Portugal.
Segundo declarações de Francisco Calheiros, Presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), até 2019 estava a ser “sexy” trabalhar na indústria do turismo, mas a pandemia “congelou tudo”!
A acrescentar à dificuldade de mobilidade que o Covid-19 veio impor, acresce ainda a falta de mão-de-obra qualificada, que poderá abrandar a abertura de algumas unidades hoteleiras, que estão ainda fechadas devido à pandemia.
No entanto, numa analogia do turismo com o futebol, Portugal está a jogar na ‘Champions League’ e tem que ter muitos ‘Cristianos Ronaldos’, ou seja ‘pontas de lança da economia portuguesa’.
Quanto à recuperação, Francisco Calheiros considera que é “altura de haver um reforço muito grande da promoção da marca ‘Portugal’ enquanto destino turístico, uma vez que os destinos concorrentes sofreram com a pandemia os mesmos problemas, sendo a competitividade agora maior e mais musculada.
Portugal tem que destacar que é o destino mais vacinado da Europa.
O turismo é indispensável para evitar a desertificação e promover o desenvolvimento fora dos grandes centros urbanos, podendo ser um pólo de desenvolvimento e também um sector de grande empregabilidade.
É um sector que vive muito da tecnologia na área comercial, mas que nunca poderá ‘robotizado’.
Há uma nova esperança. No futuro, tanto o turismo, como o sector imobiliário, só serão um luxo, se sustentáveis. O novo luxo tem que ser inteligente e apostar fortes nas emoções. Luxo é poder relaxar com arquitectura e design, numa linguagem simples e despojada. Tudo o que gerar um enorme impacto ambiental será cada vez mais pejorativo.
Toda a construção, seja de hotéis, apartamentos, moradias ou qualquer tipo de equipamentos edificados terá que ser sustentável.
O consumidor reclama por sustentabilidade ambiental, e quanto mais sustentável for, mais procura tem.
Sustentabilidade é uma estratégia que não se define por decreto, mas que a economia regula, pois o consumidor assim o exige.
Caminhamos para sermos totalmente sustentáveis e os sectores que assim não o entenderem, serão excluídos.
Se olharmos para as novas tendências de construção, vemos que a natureza, espaços verdes, amplos e confortáveis, são vistos como um luxo.
É preciso que promotores, entidades públicas e responsáveis políticos, tenham a sapiência de implementar políticas nesse sentido, actualmente com muita descriminação positiva e com um discurso que entusiasme e motive os promotores e restantes agentes económicos.
Precisamos de comissões de Coordenação Regional e equipas de avaliadores preparados para monitorizar as tendências, quantificar o seu valor na economia e para isso é necessário técnica, mas também sensibilidade.
O Plano de Recuperação Económica (PRR) é uma grande oportunidade para Portugal se posicionar como um país de excelência.
O aproveitamento criterioso do PRR, permite, se bem orientado, promover a capacidade de ‘maker’, que os Portugueses têm. Portugal pode ser visto como um país na vanguarda, um país avançado, ‘trendy’, capaz de indicar os caminhos do futuro, que terá de ser sustentável. Temos que mostrar a nossa identidade, identificar o que é mais forte e perceber o que queremos usar como grande factor de promoção.
Tem que haver articulação política entre o sector público e privado, o Governo deverá ter uma visão estratégica e nacional, apoiar as autarquias, pois são estas que melhor conhecem o seu território. O sucesso será tanto maior, quanto maior for a estratégia multipolar.
Em qualquer local, tem de ser possível destacar o que de melhor oferece, com base num denominador comum: empreendedor, arrojado, criativo e corajoso.
O País tem que ter alguma obsessão por criar desenvolvimento e riqueza.
Este é o melhor momento para a mudança e para a retoma do crescimento.
Foram tempos difíceis impostos pelo Covid-19 a todas as economias mundiais, mas a percepção é que o mau tempo já lá vai.
Os empresários já vêm a luz ao fundo do túnel, estando a retoma à espreita.
Com o aliviar das restrições, os instrumentos de apoio ao turismo, e a retoma do sector de aviação, o que se espera agora é a união de todos, de modo a aproveitar eficientemente os recursos existentes, e que a carência de capital, não seja impeditiva que os projectos de qualidade e sustentáveis sejam exequíveis, até porque as operações mais sustentáveis, são as que têm custos mais baixos.
Ana Machado – Imoexpansão