A gripe pneumónica há já cem anos atrás e a experiência recente ensinam-nos que, às crises sanitárias rapidamente se associam crises económicas e sociais, cujos efeitos se fazem sentir não só durante os períodos de crise, mas bastante tempo após o seu término.
Torna-se essencial neste texto abordar a recuperação económica na perspetiva da empregabilidade.
A pandemia COVID-19 provocou rapidamente efeitos negativos não só na Saúde Física, mas também na Saúde Psicológica.

O cumprimento das medidas de segurança e protecção contra o SARS-CoV-2 implicou uma reorganização das relações, do trabalho, da educação, do dia-a-dia. Muitas famílias sentiram dificuldade em conciliar o teletrabalho com o cuidado e apoio aos filhos, muitos idosos ficaram fisicamente isolados, muitos trabalhadores perderam o emprego ou ficaram em layoff, enquanto outros, se mantiveram a trabalhar, por vezes em situações física e psicologicamente muito exigentes e expostos a maior risco de infecção.
As consequências negativas e imediatas da pandemia sentiram-se também na economia, verificando-se uma recessão económica global que pode ainda desenvolver-se. Embora não seja possível prever ou compreender totalmente os impactos que a crise socioeconómica terá, as famílias e as pessoas enfrentam já dificuldades como o desemprego ou a perda de rendimentos, bem como stress e ansiedade provocados pela deterioração das condições de vida.
Ficar desempregado durante uma pandemia acrescenta ainda mais stress e sofrimento.
A um momento que, por si só, pode ser doloroso, além da angústia financeira que causa, o stress de ficar desempregado/a também pode afectar o nosso humor, as nossas relações com os outros (sobretudo aqueles com os quais lidamos no dia a dia).
O emprego é, frequentemente, mais do que uma forma de sobrevivermos e ganharmos dinheiro. Dá sentido e significado à nossa vida, faz-nos sentir úteis, dá-nos um objetivo para nos levantarmos todos os dias e influencia quem nós somos e o reconhecimento dos outros. Por isso, é natural que ficar sem emprego nos possa fazer sentir: magoados ou tristes, zangados ou injustiçados, traídos, culpados, impotentes ou sem valor, sem esperança no futuro.
É importante numa situação destas saber que não se está sozinho. Que muitas pessoas enfrentam a mesma incerteza e os mesmos desafios. E, embora o stress de perder o emprego possa ser sentido como esmagador, existem várias coisas que devem ser feitas para voltar a sentir controlo na nossa vida, como por exemplo:
Dar algum tempo a si próprio para se adaptar à nova realidade, fazer o luto pela perda do emprego e ajustar-se a situação. Mesmo os sentimentos mais desagradáveis terão que passar, mas é importante reconhecê-los e permitir-se a senti-los.
Falar com alguém em quem confie sobre o que sente. A partilha pode ajudar a lidar com os sentimentos negativos e seguir em frente. Falar com alguém e sentir-se escutado e compreendido contribui para diminuir a ansiedade e até trazer novas possibilidades. Tente, ao falar com alguém, ter uma procura de soluções.
Aceite a situação de estar temporariamente desempregado, antes de partir para um novo emprego. É preciso reconhecer quão doloroso foi perder o emprego anterior, “sem repisar o assunto”. Não personalize, pois ninguém “é” desempregado, todos podemos vir a “estar”, não sendo uma situação para a vida.
Apoie-se na família. O apoio na sua família pode ajudá-lo a ultrapassar este período, diga-lhes como o podem ajudar. Uma situação de desemprego por vezes afeta toda a família; tire momentos para falar sobre o assunto, mas tire também outros momentos para viver boas experiências.
Encontre outras atividades através das quais se sinta realizado. O nosso trabalho é um grande responsável pela nossa identidade mas não pode ser a única fonte de sentimentos de realização pessoal. Aposte em novos hobbies ou hobbies antigos, aposte em atividades em que se possa expressar criativamente.
Faça uma lista de características e experiências positivas. Faça uma lista de coisas que gosta e admira em si próprio, características de personalidade, aprendizagens que fez e sucessos que teve.
Cuide de si, procure manter as suas rotinas habituais, hábitos de sono e descanso incluídos.
Se é cuidador ou cuidadora de crianças pequenas recorde-as das suas capacidades, da importância das aprendizagens e da importância de lutarem por melhores condições no futuro. Em situações de maior stress é ainda mais importante transmitir às crianças o quanto se gosta delas.
Concentre-se no que pode controlar. Não pode controlar se vai ser ou não chamado, mas pode controlar o que faz no período de desemprego, como investir na aprendizagem, desenvolver competências, realização de currículo, etc.
Faça e siga um plano de procura de trabalho, pois encontrar um trabalho é quase um trabalho a tempo inteiro. Defina um objetivo para a sua procura de emprego e um perfil para os empregos que quer encontrar. Definir um perfil para o que queremos ajuda-nos a encontrar as nossas mais-valias e também gerir o nosso esforço.
Reflita sobre as suas competências. Nem sempre é fácil pensarmos sobre nós próprios, mas quando procuramos trabalho é importante pensarmos em nós próprios e nas nossas competências.
Explore o mercado de trabalho, comece por pensar na região onde vive e ou onde pretende trabalhar. Que industrias, atividades comerciais ou outras atividades existem nessas zonas? Que necessidades existem neste momento? Existem atividades sazonais nessa zona?
Seja positivo e proactivo no seu processo de empregabilidade.

Paulo Cunha
(Psicólogo – Diretor Clinico na Mental School e Presidente da Ordem dos Psicólogos)










Falemos agora das principais tendências decorativas, desde cores, até materiais para revestir paredes.
Numa altura em que as taxas de juro para pedir dinheiro emprestado para comprar casa são bastante acessíveis, tem como contrapartida, o dinheiro rentabilizado em forma de depósitos, ter uma rentabilidade perto de zero.
