Uma nação cada vez mais digital

Volvidos dois anos do início do Plano de Ação para a Transição Digital e com um novo Governo que agora toma posse a transferir esta pasta do Ministério da Economia para a dependência direta do Primeiro-Ministro (talvez num sinal da sua importância crescente?), vale a pena lançar um olhar sobre a trajectória da Transição Digital neste anos conturbados.

Eleita como um dos desafios estratégicos do programa do anterior governo, a Transição Digital tornou-se num desígnio materializado na criação, pela primeira vez, de uma área governamental específica, integrada na pasta da Economia. E resultou na aprovação do Plano de Ação para a Transição Digital a 5 de março de 2020, a muitos poucos dias do início do primeiro confinamento que, como sabemos, acabou por acelerar a digitalização da economia e da sociedade, criando uma perceção única dos seus desafios e oportunidades. Arrisco a dizer que hoje, poucos temas serão tão consensuais na sociedade como a importância dos desafios da digitalização.

Os resultados deste Plano nacional têm vindo a ser reconhecidos quer pela União Europeia (UE) quer pela OCDE que aponta diversas medidas implementadas como exemplares (do reforço das competências digitais ao investimento na conectividade nas zonas rurais, às iniciativas alargadas de apoio à digitalização das empresas), equiparando-nos aos países com melhor desempenho.

Alavancados ou não pelo efeito da pandemia, são muitos os indicadores que apresentam melhorias significativas de 2019 para 2021. Da população que faz compras online (de 39% para 52%), do volume de negócio em comércio electrónico para PME onde Portugal ocupa o nº 4 na EU, da população que utiliza serviços públicos digitais (de 41% para 49%), da adesão à banda larga fixa rápida com Portugal no nº 3 na UE, etc.

E são várias as iniciativas em fase de lançamento que geram expectativas elevadas como os Polos de Inovação Digital, os Bairros Comerciais Digitais, o lançamento comercial do 5G, medidas estas que terão seguramente um impacto benéfico nesta transição.

Contudo, a forte dinâmica desta era digital implica inevitavelmente novos desafios. Por exemplo, em matéria de literacia digital, um dos desígnios deste Plano, Portugal ambiciona fazer em dez anos o mesmo percurso que fez em 50 de democracia na redução da taxa de analfabetismo, onde passou de 25% em 1970 para 5%. Em termos de infoexclusão da população, Portugal passou de 26% em 2016 para 16% em 2021 e tem como objectivo atingir 5% em 2030!

Esta expetativa de progressão será seguramente impulsionada pelo resultado dos investimentos substanciais em matéria de transição digital que se têm vindo a concretizar e que estão previstos para muito breve. Que demonstram que estamos a caminho de ser uma nação cada vez mais digital.

Victor Francisco – Gestor de Projetos, in Diário As Beiras (31-03-2022)

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