Dar rédea solta à imaginação nem sempre leva a bons resultados. E há mesmo soluções de decoração de mau gosto a evitar.
A criatividade humana não tem limites, embora isso não signifique que todas as ideias que passam pela nossa cabeça sejam dignas de serem implementadas. Os gostos não se discutem, contudo, quando se trata de casas e design de interiores, existem algumas soluções de mau gosto e sem qualquer sentido que devem ser evitadas. Dar rédea solta à imaginação nem sempre leva a resultados lisonjeiros, e por isso apresentamos o guia de como nunca mobilar a casa.
O Bored Panda reuniu alguns dos exemplos mais loucos e terríveis compilados pela página ‘You Should Have Hired An Architect’ (“Devias ter contratado um arquiteto”) no Facebook.
Os membros desta comunidade têm uma missão que é a de mostrar falhas de design e arquitetura terríveis que provam que algumas pessoas deveriam deixar a decoração de casas do zero para os profissionais. O melhor mesmo é ver as imagens.
Antes de decidir ser fiador de um crédito habitação ou de um contrato de arrendamento conhece os riscos e direitos associados.
Pediram-lhe para ser fiador num crédito habitação? Ou de um arrendamento de uma casa? Antes de tomar qualquer decisão, importa estar devidamente informado sobre os direitos e deveres dos fiadores, assim como sobre os riscos. Isto porque ao aceitares ser fiador de alguém estás, no fundo, a assumir a responsabilidade de pagar as dívidas de outra pessoa se esta entrar em incumprimento. Neste artigo, explicamos quais são os principais aspetos que deverás ter em conta antes de decidir ser fiador de alguém.
É muito comum pedir fiador no caso de um crédito habitação ou no arredamento de uma casa. E normalmente é exigido um fiador quando existe risco de incumprimento por parte dos titulares. Desta forma, o banco ou o senhorio querem, no fundo, assegurar que o crédito/renda será pago, seja pelos titulares, seja pelo fiador.
Mas, afinal, o que significa ser fiador?
O fiador é a figura que vai garantir o pagamento total da dívida, ficando obrigado perante o credor a pagá-la se os titulares do contrato falharem. E embora qualquer pessoa o possa ser – geralmente familiares ou amigos próximos dos titulares – há um requisito para os credores: o fiador terá de apresentar rendimentos ou bens que sirvam de garantia para pagar a dívida.
Em resumo, em caso de incumprimento dos titulares do contrato, o fiador fica responsável por pagar a prestação da casa no caso de se tratar de um crédito habitação ou por pagar a renda no caso de um contrato de arrendamento.
Ser ou não ser fiador: que cuidados devo ter?
Antes de aceitar ser fiador de um empréstimo bancário ou de um contrato de arrendamento importa ter em conta os seguintes pontos:
Analisar confiabilidade e as condições financeiras dos titulares para perceber se têm condições para pagar as dívidas;
Conhecer bem o contrato de crédito habitação ou de arrendamento: perceber qual é o montante da prestação da casa/renda e verificar se o fiador assume a condição de “principal pagador”, pois se assim for em caso de incumprimento serás tu que terás de pagar a dívida, independentemente se o devedor tem ou não bens para o fazer, informa o Montepio;
Avaliar a sua situação financeira e perceber se estará em condições de assumir a dívida sem ficar numa situação financeira complicada;
O crédito vai passar a constar no mapa de responsabilidades no Banco de Portugal, alerta a Caixa Geral de Depósitos (CGD). E, portanto, irá ser tido em conta na hora de analisar um pedido de crédito próprio;
Deixar de ser fiador é difícil: deixar de ser fiador só é possível se a dívida for paga, e a fiança deixar de existir, ou com o acordo do credor. Só determinados casos a lei permite haver uma liberação da fiança, como explicamos em seguida.
Quais são os direitos dos fiadores?
Quem aceita ser fiador não tem só o dever de pagar a dívida, mas também um conjunto de direitos que estão consagrados na lei civil e que passam por:
Benefício da excussão prévia: o fiador está livre de pagar a dívida enquanto o credor não tiver executado todos os bens do devedor. Mas se os contratos de crédito habitação ou arrendamento excluírem esta possibilidade, terás de pagar a dívida ainda que os titulares tenham bens para fazê-lo;
Benefício do prazo: o prazo é aqui uma vantagem porque exige que os titulares da dívida a paguem até ao fim do prazo estabelecido, impedindo assim que o credor exija o pagamento antecipado. Atenção que há duas situações em que o fiador pode perder o benefício do prazo: “se, no contrato de fiança, renunciar a esse direito ou se, depois de interpelado pelo credor para pagar as prestações em falta, não o fizer”, explicam desde o Montepio
Sub-rogação nos direitos do credor e direito de regresso: quando o fiador que paga a dívida, na sequência de um incumprimento, passa a ser o credor do devedor. “A partir desse momento, tem o direito de lhe exigir o valor da dívida que pagou em seu nome”, explica a CGD.
Recusa do pagamento: a lei confere ao fiador o direito a recusar o pagamento de uma dívida em determinadas circunstâncias, como por exemplo, se o devedor tiver um crédito sobre o seu credor e um compensar o outro.
Libertação ou prestação de caução: o fiador tem ainda o direito de exigir a sua libertação ou que o devedor preste caução para acautelar o eventual direito do fiador caso tenha de pagar a dívida. Isto é possível, por exemplo, se a situação financeira do devedor piorar face a que se encontrava na altura em que o contrato foi selado.
O Porta 65 Jovem é um programa de apoio financeiro ao arrendamento jovem que pretende promover a emancipação dos jovens, o arrendamento urbano e a reabilitação de áreas urbanas degradadas.
Para se candidatarem a este apoio, os interessados têm que ter idade igual ou superior a 18 anos e inferior a 35 anos; ser titulares de um contrato de arrendamento para habitação própria e permanente ou de um contrato promessa de arrendamento e ter morada fiscal na casa arrendada. Além disso, a tipologia da casa tem que ser adequada ao número de elementos do agregado; nenhum dos jovens ou membros do agregado pode ser proprietário/coproprietário ou arrendatário para fins habitacionais de outro prédio ou fração e nenhum dos jovens pode ter grau de parentalidade com senhorio do imóvel, entre outros requisitos.
A candidatura ao Porta 65 é realizada online no Portal da Habitação, devendo todos os interessados preencher os seus dados pessoais: NIF; NISS; data de nascimento; estado civil; grau de parentesco entre as pessoas que vão viver na mesma casa (se for o caso); profissão; número de telefone; e-mail; NIB da conta bancária na qual pretende receber o apoio; percentagem de grau de incapacidade (se tiver uma deficiência ou incapacidade); rendimentos por categoria e tipo (como indicado na declaração de IRS); artigo e fração da casa a arrendar; data em que foi assinado o contrato de arrendamento ou o contrato-promessa de arrendamento; valor da renda mensal e tipologia da casa.
No momento da candidatura, devem ser digitalizados e anexados à candidatura: o contrato de arrendamento ou o contrato promessa de arrendamento; o recibo de renda mais recente; um comprovativo de rendimentos, os recibos de vencimento e os documentos de identificação de todos os elementos do agregado indicados na candidatura. Em alguns casos, também poderá ser necessário um comprovativo do grau de incapacidade ou deficiência (se alguma das pessoas que viver na casa tiver incapacidade); a planta da casa ou caderneta predial que comprove a área da casa ou número de assoalhadas sem janelas para a rua (caso exista).
Existem quatro períodos de candidatura por ano, cujas datas, informações e formulários são divulgados no referido Portal da Habitação. Posteriormente, os resultados das candidaturas também são publicados no portal.
Após a submissão da candidatura, alguns candidatos podem receber um pedido de esclarecimento na área de mensagens da candidatura, que devem regularizar em cinco dias úteis.
De referir que não existe um valor fixo de comparticipação. O valor mensal atribuído é calculado em função dos rendimentos do candidato e da dimensão do agregado familiar, bem como da localização e tipologia do imóvel.
Em 2022, a primeira fase de candidaturas ao apoio iniciou-se no dia 19 de Abril e terminou no dia 24 de Maio, pelas 17:00 h. Se pretende candidatar-se a este apoio, peça a ajuda do seu Solicitador.
Rita Sandinha Serra – Solicitadora, in Diário As Beiras (11-05-2022)
É complexo analisar a utilização de inteligência artificial (IA) nas empresas portuguesas, sobretudo, por falta de dados. No entanto, através do quadro seguinte, baseado em elementos da consultora Mckinsey (2020), sabe-se que, em Portugal, este tema tem pouca expressão.
A consultora analisou o nível de preparação de diferentes países sobre a utilização da inteligência artificial utilizando 7 indicadores: quantidade e qualidade do talento disponível, nível de investimento em IA, quantidade e qualidade dos dados disponíveis e da infraestrutura tecnológica existente, nível de investigação em IA, adoção tecnológica do setor privado e seu potencial atual e futuro e nível de enquadramento legislativo, classificando os países em 4 grupos.
Portugal situa-se no último grupo, o que quer dizer que tem pela frente um trabalho enorme para aplicar a IA ao setor público e privado. De forma convergente, a Universidade de Stanford publicou, em 2020, uma ferramenta interativa denominada Global IA Vibrancy Tool, que analisa, em múltiplos países, o nível de aplicação de IA.
Em termos de aplicabilidade de IA, em 26 países, nos setores de investigação e desenvolvimento, economia e inclusão, a nossa vizinha Espanha aparece em 23º lugar, a Rússia aparece em último e no 11º lugar aparece a Finlândia, logo seguido pela Alemanha, Portugal e Grécia não aparecem, quiçá, por falta de dados ou por não serem disponibilizados valores em IA minimamente significantes.
Observando o gráfico seguinte, com base em oito critérios embutidos na figura, verifica-se que Portugal, para os critérios de IA, se encontra no limite inferior. Só a nível de inovação é que Portugal está acima da média, conforme a figura 3. Contudo, esta inovação é mais incrementalista do que propriamente disruptiva.
No estudo efetuado em 2020 pela ACEPI – Associação da Economia Digital, constata-se que a inteligência artificial, aplicada nas empresas portuguesas, é insignificante, existindo somente 9% de empresas que a utilizam e 14% que têm intenção de a utilizar. Veja-se a próxima figura:
Conclui-se, em consequência, que os sistemas de gestão baseados em técnicas de inteligência artificial são praticamente inexistentes na maioria das empresas portuguesas. A expressão inteligência artificial está associada ao desenvolvimento de agrupamentos especializados – wizard systems. Estes sistemas são baseados em conhecimento, são construídos principalmente com regras que reproduzem o conhecimento de um perito e são utilizadas para solucionar determinados problemas em domínios específicos. De facto, a concessão de crédito para a habitação, na maioria dos bancos, já é feita através de algoritmos, duas lojas da Sonae Lab existentes em Lisboa – Arco do Cego – já utilizam inteligência artificial, a Fundação Champalimaud emprega também idênticas ferramentas, bem como algumas tecnológicas (Feedzai, por exemplo). No entanto, a esmagadora maioria das empresas portuguesas ainda não operam com IA ou não a incluem nos planos para o futuro, situação que afeta o investimento e a sua competividade.
1 Em homenagem a António Madeira Teixeira, fundador do Grupo Fapricela, Ançã – Coimbra
Marques de Almeida – Economista, in Diário As Beiras (13-06-2022)
Seria impossível não falar do que se passa na Ucrânia, não falar do que se passa em Portugal e nos países da Europa que têm apoiado os ucranianos. E da forma como a tecnologia permitiu que, rapidamente, cidadãos se mobilizassem e fizessem corresponder disponibilidades de outros às necessidades de outros. Um cenário verdadeiro de Apps for good, uso da tecnologia, sem fins lucrativos e ao serviço da Sociedade.
Há alguns anos, em 2007, uma das minhas amigas, Madalena, tendo noção que muitas pessoas tinham “coisas” em casa de que não precisavam e outras pessoas tinham necessidades dessas “coisas” e faltava um canal de comunicação entre elas, criou um portal com o nome Sermais.org onde era possível fazer essa correspondência tão necessária. A Madalena, com a sua visão à frente no seu tempo, fez a diferença na vida de muitas pessoas: “estabelecer a ligação entre quem precisa e quem tem” era uma das frases-lema. E, na verdade, é esse o espírito de muitas plataformas que hoje estão a ajudar os milhões de refugiados ucranianos que estão a tentar sair do país.
Uma das plataformas neste momento mais conhecidas, wehelpukraine.org, usou o princípio-base do Sermais.org, escalando-o ao nível global de muitos milhões de potenciais utilizadores, envolvendo a Academia e um conjunto de parceiros tecnológicos e a boa vontade de muitos profissionais. Estratégias eficazes de comunicação e colaboração garantiram que, em poucos dias, a plataforma estivesse a funcionar e a ajudar quem precisava.
Em tecnologia, grande parte da eficácia depende do interesse das pessoas. E as pessoas ficaram de imediato despertas para esta realidade: a 1 de Março já o SAPO noticiava que: “a iniciativa [we help Ukraine] já está a unir esforços do mundo inteiro, incluindo do Canadá, dos Estados Unidos e do Reino Unido”, tinha “mais de 5.000 pedidos de ajuda e mais de 5.000 pessoas que querem ajudar”, incluindo uma mensagem do nosso Presidente da República.
Atualmente, a ajuda pode ser registada em 13 idiomas e oferecer/solicitar alojamento, transporte, documentação, assistência médica, apoio psicológico entre outros.
A tecnologia permite, todos os dias, que vejamos vídeos que, em tempo real, relatam os horrores da guerra, mas também acompanhar as caravanas de medicamentos e materiais de todo o tipo que têm sido encaminhados para as fronteiras. Permite saber quantas pessoas estão a ser ajudadas, onde fazer donativos, material em falta e registar e tornar virais algumas histórias de esperança, como a música em Kiev, a determinação de atletas ucranianos em provas, quando há poucos dias estavam em abrigos improvisados, acompanhar, já na Polónia e a salvo, a criança que cantou “Let it go…” (de Frozen) num abrigo…afinal, juntar tecnologia, solidariedade e esperança, concentrando a tecnologia ao serviço do bem…
Isabel Pedrosa – Docente de Tecnologias de Informação, in Diário As Beiras (31-03-2022)
O ecossistema digital age dentro dos processos de produção e tomada de decisão existentes, expandindo-se através de signos da linguagem digital para fazer emergir novas ideologias (mindset) com utilização intensiva de novas ferramentas que determinam outras competências, não só para utilização, mas sobretudo para extracção de utilidade económica, social, tecnológica, ecológica e legal.
Nos últimos trinta anos, as orientações emanadas através dos códigos de convivência e cordialidade para uma administração sustentável da sociedade, estimulam uma aproximação “humano-máquina” através de processos e métodos algorítmicos que produzem novas relações (inteligência relacional) e novas linguagens de interação no espaço físico, no ciberespaço e no metaverso.
A necessidade de ligar com volumes, velocidades e variedades crescentes de dados promove novas formas de organização que pessoas, empresas e instituições mantenham o domínio sobre as estratégias, táticas e o trabalho operacional.
Tal assim é que, no passado dia 14 de Março, a proposta do MiCA (Markets in Crypto Assets) do parlamento Europeu, reconhece e legitima as DAOs (Organizações Autónomas Descentralizadas) para emissão de Criptoativos.
A decisão do parlamento sobre um modelo “societário” (Organizações Autónomas Descentralizadas) expresso através do MiCA, pode ser entendido como uma oportunidade e uma força mobilizadora, para que Portugal entenda e atue com os instrumentos de política monetária, financeira, económica e societal através de uma plataforma de progressão digital contínua em três planos: no território, no ciberespaço e no metaverso.
As DAO são implementadas na prática através de algoritmos (complexo de contratos inteligentes), com capacidade de atuação autónoma e automática, mas onde a componente humana (apesar da descentralização) continua a imprimir direcção e desígnio, sobretudo nas fases iniciais de constituição e arranque do novo método de empreender através do modelo de Organização Autónoma Descentralizada.
Em se tratando de um conjunto de instruções para execução automática e autónoma de código informático, que agora modeliza e age como uma empresa, importa relevar que, as peças de software que compõe os contratos inteligentes estão na verdade a “algoritmizar” uma competência humana para estabelecer modos de organização inteligente, e de trabalho em conjunto de células híbridas “humano-máquina”.
Chegou a hora da Organização Coletiva da Inteligência, ligando o pensamento e funções computacionais com as experiências, competências e a sensibilidade das Humanidades Digitais.
Francisco Lavrador Pires – Engenharia, Inovação e Desenvolvimento Organizacional, in Diário As Beiras (31-03-2022)
Volvidos dois anos do início do Plano de Ação para a Transição Digital e com um novo Governo que agora toma posse a transferir esta pasta do Ministério da Economia para a dependência direta do Primeiro-Ministro (talvez num sinal da sua importância crescente?), vale a pena lançar um olhar sobre a trajectória da Transição Digital neste anos conturbados.
Eleita como um dos desafios estratégicos do programa do anterior governo, a Transição Digital tornou-se num desígnio materializado na criação, pela primeira vez, de uma área governamental específica, integrada na pasta da Economia. E resultou na aprovação do Plano de Ação para a Transição Digital a 5 de março de 2020, a muitos poucos dias do início do primeiro confinamento que, como sabemos, acabou por acelerar a digitalização da economia e da sociedade, criando uma perceção única dos seus desafios e oportunidades. Arrisco a dizer que hoje, poucos temas serão tão consensuais na sociedade como a importância dos desafios da digitalização.
Os resultados deste Plano nacional têm vindo a ser reconhecidos quer pela União Europeia (UE) quer pela OCDE que aponta diversas medidas implementadas como exemplares (do reforço das competências digitais ao investimento na conectividade nas zonas rurais, às iniciativas alargadas de apoio à digitalização das empresas), equiparando-nos aos países com melhor desempenho.
Alavancados ou não pelo efeito da pandemia, são muitos os indicadores que apresentam melhorias significativas de 2019 para 2021. Da população que faz compras online (de 39% para 52%), do volume de negócio em comércio electrónico para PME onde Portugal ocupa o nº 4 na EU, da população que utiliza serviços públicos digitais (de 41% para 49%), da adesão à banda larga fixa rápida com Portugal no nº 3 na UE, etc.
E são várias as iniciativas em fase de lançamento que geram expectativas elevadas como os Polos de Inovação Digital, os Bairros Comerciais Digitais, o lançamento comercial do 5G, medidas estas que terão seguramente um impacto benéfico nesta transição.
Contudo, a forte dinâmica desta era digital implica inevitavelmente novos desafios. Por exemplo, em matéria de literacia digital, um dos desígnios deste Plano, Portugal ambiciona fazer em dez anos o mesmo percurso que fez em 50 de democracia na redução da taxa de analfabetismo, onde passou de 25% em 1970 para 5%. Em termos de infoexclusão da população, Portugal passou de 26% em 2016 para 16% em 2021 e tem como objectivo atingir 5% em 2030!
Esta expetativa de progressão será seguramente impulsionada pelo resultado dos investimentos substanciais em matéria de transição digital que se têm vindo a concretizar e que estão previstos para muito breve. Que demonstram que estamos a caminho de ser uma nação cada vez mais digital.
Victor Francisco – Gestor de Projetos, in Diário As Beiras (31-03-2022)
Neste artigo continuamos a apresentar uma síntese das principais conclusões contidas no recente relatório do Painel Intergovernamental para o estudo das mudanças climáticas (IPCC), designado por Relatório de Avaliação 6 (Assessment Report ou AR69. São referidos com frequência os dados e as conclusões obtidos desde 2013, quando se publicou o AR5, e o presente, para evidenciar a cada vez maior certeza que existe, acerca da influência das actividades humanas na mudança climática e a taxa crescente a que esta se está a desenvolver, de acordo com diversos indicadores objetivos.
Eventos extremos
O Relatório de Avaliação anterior AR5 já indicava que a influência humana tinha sido detetada na mudança de alguns extremos climáticos. No AR6 existe um capítulo dedicado a este assunto, no qual se conclui que constitui agora um facto estabelecido que as emissões de gases com efeito de estufa, induzidas pela acção humana, conduziram a um aumento da frequência e/ou da intensidade de alguns extremos climáticos, desde 1850, em particular de extremos da temperatura. Esta evidência de alterações observadas e a atribuição à influência humana foi reforçada desde o Relatório anterior, para diferentes tipos de extremos, em especial para precipitação extrema, secas, ciclones tropicais e extremos que derivam desta conjugação de condições, como é o caso do perigo de incêndio.
Tempo para se atingir 1.5º C de aquecimento global
No Relatório anterior estimava-se que o valor de 1.5º C de aquecimento global (ou seja, a temperatura média da atmosfera para um período de 30 anos), admitindo a existência de uma taxa de aquecimento constante e continuada, seria atingido entre 2030 e 2052. No AR6, empregando aproximações ligeiramente diferentes das anteriores, mas combinando a estimativa aumentada do aquecimento global, e a resposta prevista para todos os cenários considerados, a estimativa da data de ultrapassagem do valor de 1.5ºC na temperatura média global (para um período de 20 anos) é que esta ocorra no início da década de 2030, ou seja, cerca de dez anos mais cedo do que a previsão do Relatório anterior, admitindo que não ocorre qualquer erupção vulcânica importante.
Balanços de carbono restantes
O Relatório anterior tinha estimado que a resposta transiente do clima à acumulação de carbono devido às emissões de CO2 estivesse na gama de 0.8 a 2.5º C por cada 1000GTC (uma giga tonelada de carbono corresponde a 3.67 GTCO2). Com base em evidências provenientes de diferentes origens, o AR6 preconiza um limite mais estreito para este parâmetro, entre 1.0 e 2.3º C por cada 1000 GTC, o que significa, em média, uma maior taxa de aumento da temperatura com as emissões.
Efeitos de factores de curto prazo sobre o aquecimento global nas próximas décadas
O AR5 ao estudar o efeito da redução das emissões dos aerossóis de refrigeração, tinha visto que o mesmo se opunha aos efeitos das medidas de mitigação dos gases com efeito de estufa, por duas ou três décadas, para limitar o aquecimento global para 1.5ºC. O AR6 atualiza o estudo anterior e confirma que as mudanças nos factores de curto prazo, associados a estes aerossóis, irão muito provavelmente causar um aquecimento adicional durante as próximas duas décadas, em todos os cenários de previsão.
COVID-19
A redução temporária de emissões que ocorreu em 2020, associada ao confinamento do COVID-19, conduziu a um pequeno efeito positivo no balanço radiactivo.
Contudo as respostas regionais e globais a este forçamento são indetectáveis acima da variabilidade climática, devido à natureza temporária da redução das emissões.
Domingos Xavier Viegas – Professor Jubilado da UC, in Diário As Beiras (21-04-2022)