Os enablers da economia digital.

A economia digital baseia-se em tecnologias de computação digital.

Estrutura-se na ideia de plena integração da informação, do seu armazenamento, dos sistemas de gestão e das redes sociais, com o objetivo de fazer negócios sem ser necessário ir a qualquer local físico ou utilizar meios corpóreos de pagamento. Os principais enablers da economia digital são a conectividade, a segurança da informação e a excelência na execução. Com efeito, a conectividade é um elemento fundamental dos produtos e serviços da economia digital, e materializa-se numa ligação de elevada qualidade, com baixa latência e confiabilidade, um contexto suscetível de impulsionar a experiência do cliente digital. É uma envolvente requer uma elevada segurança das transações efetuadas pelos clientes, para os coagir a abandonar a utilização das opções analógicas, histórias ou presenciais.

No mundo digital, quem pretender conquistar mercado tem de investir na segurança da informação. Sem esta não é possível concluir negócios digitais, sobretudo os que envolvem informações confidenciais ou pagamentos. A conectividade e a segurança da informação juntam-se ao terceiro fator, que se associa à excelência da execução, traduzida em fazer bem e rápido desde a primeira vez.

Assim, é importante saber capitalizar a economia digital, na qual o cliente assume uma nova centralidade, graças ao facto de aceitar partilhar informação sobre si, exigindo, em troca, personalização e disponibilidade imediata. Trata-se de uma mutação evolutiva relativamente à lei da oferta e da procura, que se traduz na utilização de novas ferramentas e investimentos na melhoria das competências digitais dos colaboradores, em ordem à digitalização dos modelos de negócios das empresas, preparando-as adequadamente para sobreviverem no mundo global, eletronicamente conectado.

As transações digitais oferecem algumas vantagens relevantes relativamente às transações analógicas: redução das hipóteses de fraude e aumento de segurança, acréscimo de praticidade, controlo mais esmerado, redução do tempo de atendimento, maior atração de clientes, maior comodidade e flexibilidade para a empresa, relação dos tempos associados ao controlo. Este importante conjunto de atributos liberta tempo (recursos escassos) passível de ser aplicado nas questões mais estratégicas de negócio, existindo ainda a possibilidade de conhecer o perfil do cliente, de imprimir uma maior segurança nos dados do cliente e da empresa e igualmente de agilizar os processos de gestão.

As vantagens das transações digitais traduzem-se na redução dos custos das empresas, numa maior rapidez de atendimento e execução, na independência da localização e na imprevisibilidade. É notório que a economia real está a evoluir de forma crescente para uma maior componente de transações digitais, ou seja, a webização dos negócios é hoje uma realidade. Todavia, as transações digitais requerem que os ofertantes e os compradores dominem as tecnologias e os procedimentos associados, e tenham acessibilidade aos serviços web da internet. Surgem, aqui, as denominadas economias de escala do lado de procura, conhecidas como externalidades das redes, que são exclusivas da economia digital, que se agregam às economias de escala do lado da oferta (produção), efeitos sobejamente conhecidos da economia não digital.

A economia digital envolve estímulos tanto à oferta e à procura de transações no canal, como ao seu uso por parte dos cidadãos consumidores, das empresas ofertantes e dos reguladores locais. Estes últimos acabam também por atuar como fornecedores de serviços e como clientes, além de disciplinadores e fiscais. Estes agentes, na sua totalidade, geram múltiplos e diversificados negócios digitais, utilizando inúmeros modelos de negociação, de execução e de conclusão das transações. Com efeito, já a Resolução do Conselho de Ministros nº 135/2002, de 20 de novembro, definia o enquadramento institucional das atividades do governo em matéria da sociedade de informação, da inovação e do governo electrónico (2002-2004). Na prática, o programa do XV Governo Institucional considera a sociedade de informação e do conhecimento, nomeadamente os seus vetores da inovação e conhecimento, como uma oportunidade para alterar as relações entre os cidadãos e para reinventar a organização do Estado.

Todos os portugueses, ainda de acordo com a Resolução supracitada, devem ter acesso e ligação generalizada à internet em banda larga, o que significa todos online com e para todos. Acresce que, para gerar crescimento económico, a conectividade tem de ser traduzida em atividades económicas e novos serviços, aplicações e conteúdos que facilitem a criação de novos mercados. Admite-se ainda que o governo electrónico constitui uma excelente oportunidade para desencadear é um processo de transformação das estruturas organizacionais do Estado, apoiado no TIC. O que é que foi feito em termos de Economia Digital, de 2022 a 2024? Muito, muito poucochinho.

Marques de Almeida – Economista, in Diário As Beiras, 2024/ Março/25

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