Empreender no Social Também

Moradias na Figueira da Foz

Esta semana em Coimbra realizou-se uma Gala onde foram entregues prémios relativos às melhores cidades para se poder viver em Portugal. Esta Gala serviu como conclusão de um estudo sobre “a qualidade de vida nos melhores municípios para viver”, desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia Comportamental (Intec). Os municípios que concorreram foram avaliados em dez categorias, através de inquéritos a milhares de portugueses. Deste estudo, retira-se que Lagoa foi considerado o melhor Município para se viver, seguido de Caminha, Bragança, Cascais e Pombal, isto independentemente de outros rankings terem distinguido outros municípios em função de outras dimensões analisadas.

Foi abertamente transmitido pela organização que este ranking tem como objetivo valorizar os aspetos positivos dos municípios que concorreram levando a uma projeção das dimensões valorizadas pelo estudo. Desta forma, compete-se por um lugar de destaque positivo.

Este evento recordou-me a construção das Torres Petronas na cidade de Kuala Lumpur, na Malásia. Estas Torres são constituídas por dois arranha-céus ligados entre si por uma ponte. As Torres contam com 88 andares, sendo dos edifícios mais altos do mundo, com 452 metros. Não obstante a beleza e o simbolismo do edifício, eu destaco um aspecto na sua construção.

Desde o início do projecto que este foi tendo vários atrasos significativos, comprometendo a sua execução. Em determinado momento o governo malaio especificou que a construção teria de estar concluída em 6 anos, prazo que à época não era facilmente exequível. Foram propostas várias soluções, sendo que se optou pela menos comum: promover uma corrida até ao topo. Foram contratados dois consórcios de construção: um sul coreano e um outro japonês, sendo cada um responsável por uma das torres. O primeiro a terminar a sua torre ganharia o direito de construir a ponte aérea que liga as duas torres. Apesar de se tratar de 2 consórcios concorrentes, o que acabou por estar mais em causa foi a força de dois países que à data competiam entre si enquanto economias dominantes. Rapidamente a bandeira dos dois países foi colocada em cada uma das torres, subindo à medida que as torres também se erguiam; os recursos disponíveis passaram a ser muitos mais. Foi literalmente uma corrida para o topo. Como curiosidade, a Torre dois foi acabada primeiro, tendo cabido ao consórcio sul coreano a construção da dita plataforma que serviria como prémio.

Estas duas situações advêm de uma competitividade positiva, em que, pela valorização e reconhecimento de valor, se tentam explicar realidades. O empreendedorismo não existe apenas nos negócios, é social e potencial de desenvolvimento em todas as esferas do ser humano.

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Paulo Cunha – Presidente da Delegação Regional do Centro da Ordem dos Psicólogos Portugueses, in Diário de Coimbra (05/11/2022)

 

As Cidades, Geográficas e Etimológicas

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Segundo os dicionários, a palavra <<cidade>> tem a sua origem no latim, vindo de <<civitas>> que significava <<condição de cidadão>> que eram quem vivia em cidade, significando hoje muito mais do que isso, como sabemos.

Ao longo dos tempos as sociedades evoluíram e é hoje claro que as cidades são cada vez mais os locais de preferência da humanidade para viver.

Segundo a OCDE, mais de metade da população mundial vive já hoje em cidades, prevendo-se que em 2030 essa percentagem seja de 60% e em 2050 de 70%. Estes números são impressionantes, indo já longe os tempos em que as cidades eram apenas pontos de segurança e de recolha e redistribuição dos bens agrícolas. Ainda segundo a OCDE os centros urbanos são hoje o motor do crescimento económico, contribuindo para cerca de 60% do PIB global.

O crescimento das cidades traz evidentemente novos problemas, principalmente num tempo em que a sustentabilidade passou a ser um factor crucial para a própria existência da Humanidade. As questões relacionadas com a escassez de água, com as necessidades de energia do actual modelo de desenvolvimento e com a mobilidade têm que ser vistas como desafios à imaginação e capacidade tecnológica dos nossos tempos e não meramente como algo negativo.

Também entre nós se verifica o fenómeno da deslocação das pessoas para as cidades, com uma influência cada vez maior das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, mas não só. No interior são as cidades médias que exercem um poder de atracção sobre os territórios vizinhos, como é o caso de Castelo Branco que como suga a população dos municípios à sua volta. As cidades reflectem a evolução social.

Por exemplo, em Coimbra, se a população aumentou cerca de 40% entre 1960 e os nossos dias, o número de famílias existente passou para quase o dobro, acompanhando o aumento de alojamentos; já o índice de envelhecimento calculado pelo número de idosos por cada cem jovens aumentou mais de seis vezes mas, claro, sem contar com os jovens que todos os anos procuram a Cidade para estudar aumentando em pelo menos um terço a população presente durante a maior parte do ano.

E é por estarmos tão habituados a ver as cidades como territórios de paz e progresso que se nos torna tão estranho que cidades, onde vivem milhares de pessoas de forma pacífica, possam ser objecto de violência militar como todos os dias podemos ver suceder nas cidades da Ucrânia, vítimas dos mísseis russos.

Cidades esventradas, milhares de pessoas em fuga sem saber quando terão o azar de lhes entrar um míssil pela casa dentro e prédios inteiros que deixam de existir e passam a ser um buraco negro no meio dos sobreviventes. Claro que temos na memórias as imagens de Londres e outras cidades inglesas a serem bombardeadas por aviões e pelas famosas V1 e V1 da Alemanha nazi, percursoras dos actuais mísseis, e da fuga das populações para os refúgios subterrâneos, mas não imaginaríamos poder assistir ao mesmo em nossas vidas: cidades e seus habitantes, homens, mulheres e crianças alvo de bombas assassinas de forma indiscriminada.

A cidade transforma-se no habitat natural da Humanidade, não só no aspecto físico ou geográfico. Entra também na nossa linguagem, ainda que não etimologicamente, mas de forma evidente. O leitor já reparou no número de palavras que contêm <<cidade>> como elemento morfológico? Desde a publicidade à privacidade, da veracidade à capacidade ou da elasticidade à tenacidade, a cidade entra na nossa linguagem de forma quase permanente, o que é muito significativo dos tempos que vivemos.

João Paulo Craveiro, in Diário de Coimbra (17/10/2022)

IMI? Não se esqueça da prestação que tem de pagar este mês

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Não deixe passar o prazo.

Durante este mês está a pagamento a segunda prestação do IMI, se superior a 100 euros ou inferior a 500 euros, ou a terceira prestação para quem tem de pagar este imposto num valor superior a 500 euros, lembrou a Autoridade Tributária (AT), através de uma publicação nas redes sociais.

“Durante este mês está a pagamento a 2.ª prestação, se superior a €100 ou inferior a €500, ou da 3.ª prestação, se superior a €500”, pode ler-se na publicação do Fisco.

O pagamento do IMI arrancou em maio, com a emissão de 4.009.718 notas de liquidação, das quais 895.969 eram de valor inferior a 100 euros, gerando, por isso, uma nota de pagamento único.

Para as restantes, o pagamento é desdobrado em duas ou três prestações, a serem pagas em maio e novembro ou maio, agosto e novembro, caso o seu valor esteja balizado entre, respetivamente, os 100 e os 500 euros ou supere os 500 euros.

De acordo com os dados da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), do total de liquidações emitidas, há 679.435 de valor acima dos 500 euros, cuja segunda prestação pode ser paga a partir até ao final deste mês caso os proprietários em causa não tenham optado pelo pagamento integral em maio.

As taxas do IMI são anualmente fixadas pelas autarquias, num intervalo entre 0,3% e 0,45% (para os prédios urbanos), cabendo-lhes também decidir sobre a adesão ao IMI familiar, mecanismo que dá um desconto às famílias residentes, ou sobre a aplicação das taxas agravadas nos prédios devolutos ou em ruínas.

In Noticias ao Minuto (04/11/2022)

Crédito habitação a recibos verdes? 3 fatores a ter em conta

Moradias Figueira da Foz

O histórico financeiro e de crédito, a taxa de esforço e as garantias são os três principais fatores a ter em conta para aumentar as probabilidades de obter um crédito habitação.

Juntar crédito habitação e recibos verdes pode ser difícil, mas não é impossível. As garantias, histórico e taxa de esforço têm neste cenário um papel muito importante. É necessário provar ao banco que a situação específica de quem quer comprar casa, apesar de a recibos verdes, oferece a segurança e a estabilidade necessárias.

No entanto, é preciso ter em atenção que o impacto da situação profissional não se resume apenas à aprovação/rejeição do empréstimo. Poderá ser necessário equacionar um montante menor de financiamento (inclusive uma percentagem menor do valor de avaliação do imóvel) e um spread mais elevado.

Para aumentar as probabilidades de obter um crédito habitação, é deve ter em conta estes três fatores:

1. Histórico financeiro e de crédito

Um histórico “limpo” permite ganhar confiança do banco. Mas incumprimentos anteriores, valores atuais em dívida, utilização a descoberto da conta ordenado e padrões de consumismo prejudicam o histórico. Para detalhes da situação de crédito atual, pode consultar o Mapa de Responsabilidades de Crédito, no Banco de Portugal.

Não é possível mudar o passado, mas pondere se será necessário aguardar um pouco antes do pedido de financiamento de forma a regularizar dívidas e adotar um perfil sem excessos. O compasso de espera pode ser também uma boa estratégia para melhorar o histórico de rendimentos analisado pela instituição financiadora: os rendimentos mensais dos trabalhadores independentes são calculados em função da média dos últimos 12 meses.

2. Taxa de esforço

A média dos rendimentos dos últimos 12 meses é importante para o banco poder avaliar a taxa de esforço. O objetivo é perceber se o rendimento disponível (depois de subtraídas outras despesas fixas) permitirá pagar a prestação do crédito habitação. A taxa de esforço ideal situa-se abaixo dos 35%. Recorra previamente a um simulador de taxa de esforço, como o da Twinkloo, e, caso não estejam na fasquia ideal, pondere reduzir as despesas fixas, aumentar rendimentos ou pedir um financiamento menor.

Tome nota: o banco faz o cálculo de rendimentos a recibos verdes com uma margem de segurança, em regra, de 30%. Ou seja, se o rendimento médio do agregado dos últimos 12 meses for de 2.300 euros, por exemplo, o banco irá considerar apenas 1.610 euros na avaliação da taxa de esforço.

3. Apostar nas garantias

Na balança entre crédito habitação e recibos verdes, uma das melhores formas de acesso ao financiamento é através da apresentação de garantias. Falamos, por exemplo, de poder apresentar fiadores credíveis ou a hipoteca de um imóvel como dupla garantia (neste último caso, as condições de libertação da garantia deverão ficar acordadas e inscritas em documento complementar). E, em termos do valor da entrada, capitais próprios que lhe permitam ir acima dos 10% habituais do valor do imóvel.

Comparar e escolher, com confiança

Por último, é sempre recomendável fazer a simulação de financiamento no seu banco habitual. Ainda assim, outra instituição pode oferecer acesso a financiamento, até em condições mais vantajosas.

Artigo de finanças pessoais resulta de uma parceria da Twinkloo, in Dinheiro Vivo (24/10/2022)

4 Estratégias para contornar a subida da Euribor

Apartamentos na Figueira da Foz

A subida da Euribor – taxa de referência baseada na média dos juros praticados por um conjunto de bancos da zona euro, nos empréstimos que fazem entre si, num determinado prazo. Por conseguinte, o agravamento dos juros dos empréstimos deixa muitas famílias numa posição de maior vulnerabilidade. Neste cenário, encontrar estratégias para combater o aumento da prestação da habitação é uma necessidade premente.

O que justifica a subida da Euribor?

Depois de um longo período em mínimos históricos, esta taxa de juro, paga pelos bancos da zona euro por emprestarem dinheiro, regista um aumento significativo desde fevereiro. O início da guerra na Ucrânia e o agravamento da inflação aceleraram a subida da Euribor. Além dos aumentos já registados, antecipam-se mais duas a quatro subidas nos próximos meses.

Quatro formas de minimizar o impacto desta subida

Este é, certamente, o momento indicado para adotar estratégias que contornem a subida da Euribor. Então, o que pode fazer?

– Renegociação do Spread

Este valor, definido pela entidade bancária, é a margem de lucro que o banco obtém do empréstimo. Não está, portanto, condicionado por fatores financeiros externos. A negociação desta parcela do encargo mensal fará a diferença no momento de enfrentar a subida da Euribor.

– Mudança para a taxa fixa

Outro dos pontos a rever é o tipo de taxa aplicada. Pode, assim, avaliar junto do seu banco as vantagens inerentes à adoção da taxa fixa. Mas não se esqueça: a estabilidade, sobretudo em momentos de incerteza, tem um preço!

– Amortização de parte da dívida

Para quem tem algumas poupanças de lado, excetuando as reservadas ao fundo de emergência, a liquidação antecipada de uma fração do crédito pode ser um método eficaz na resistência à subida da Euribor. Dessa maneira, poderá reduzir a sua prestação mensal.

– Consolidação de créditos 

Quem tem mais do que um crédito pode procurar saber se, ao agregar as prestações, obterá melhores condições e, portanto, um valor mensal mais baixo. De notar, contudo, que o prazo de pagamento se tornará mais longo.

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Obra de arte total? Não, arquitecturofobia

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Há cerca de dois séculos atrás, o Romantismo alemão criou o conceito de gesamkunstwerk, que tem sido comumente traduzido por obra de arte total.

Desde então para cá, muitas e muito variadas têm sido as tentativas de alcançar esse desígnio de criar o objecto artístico perfeito, que harmonize e conjugue todas as artes. A ópera, por exemplo, foi apenas uma aproximação, mas houve outras, algumas delas heroicas.

Ao longo do século passado, o Movimento Moderno, foi tentando, por diversas formas, aplicar o conceito. No que diz respeito à Arquitectura desenvolveu-se a possibilidade de integrar artistas plásticos, escultores e pintores, no processo de produção dos edifícios e dos espaços públicos. A intenção pressupunha sempre um método de concepção conjunta, na qual cada um dos intervenientes agia em estrito respeito e cumplicidade pela obra de cada um dos outros. Em Portugal, vários exemplos deste modelo interventivo se foram desenvolvendo, uns mais bem conseguidos, outros nem tanto. Em relação aos primeiros, vale por todas a magnífica obra das instalações da Associação Académica de Coimbra (1954-61), tão mal tratada nos dias que correm. Alberto José Pessoa (arquitectura e painéis cerâmicos) e Manuel Cerveira (jardins) trabalharam sempre em conjunto, assumindo cada um deles a sua parte da obra em estrita cumplicidade com os outros. Em relação aos segundos, mais mal conseguidos, podem ser referidas as estátuas dos prédios de rendimento lisboetas da década de 1950, as meninas entaladas, como as designava Keil do Amaral, por se tratar, na maior parte dos casos, de figuras femininas que eram literalmente metidas à pressão, entaladas entre a padieira da porta de acesso e as varandas do primeiro andar.

Vem isto a propósito da situação contemporânea. Hoje, um pouco por todo o lado, as fachadas de alguns edifícios de qualidade são usadas e abusadas, não como obra de arte integrada, mas como suporte para as artes visuais.

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As ditas “obras de arte”, algumas delas gigantescos painéis publicitários de qualidade gráfica duvidosa, são indiscriminadamente escarrapachadas na fachada de um qualquer edifício. Não interessa para nada a sua qualidade arquitectónica e urbana, só interessa que seja visível.

Não interessa integrar a arquitectura, interessa só usá-la como suporte – “as telas já não estão na moda, vamos aqui aprantar este objecto que assim toda a gente o vê, quer queira, quer não queira”.

Não interessa conjugar as artes, interessa tão só anular e amesquinhar uma delas, para salientar a outra.

Mesmo que fossem obras de arte, e a maior parte das vezes não o são, fazem um uso licencioso da arquitectura pública para propósitos de divulgação, ou de satisfação, privados.

Do modo intenso como tem vindo a ser disseminado por todas as cidades, quer seja com propósitos alegadamente culturais, quer inconfessadamente comerciais, quer seja pelos pichadores marginais, quer pelas mais respeitadas instituições, o uso da fachada de edifícios qualificados como mero suporte para comunicação visual, sem tentar sequer tentar perceber o seu significado artístico, corresponde a uma espécie de “arquitecturofobia”, corresponde a algo que, por despeito ou mesmo por inveja, tenta anular a mais pública das artes.

Quem fica a perder é a coisa pública por excelência, a cidade, claro.

José António Bandeirinha – Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Sociais, in Diário As Beiras (28/09/2022)

Este mundo não é para pobres.

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O romance e o filme homónimo dos Irmãos Coen, No Country for Old Men, encontram, no descritivo título, uma fulgurante, ainda que sombria, síntese dos tempos que passam.

Não é apenas para os velhos que não existe lugar habitável. Desempregados, colarinhos azuis, refugiados, migrantes, adictos, meninos de rua, prostitutas, sem abrigo – pobres numa palava, são apátridas num mundo que apenas concede direitos de real cidadania aos exibicionistas do dinheiro, por mais turva que seja a fonte da glamorosa opulência.

Este país Portugal também não é para pobres.

É para ricos. É sobretudo, para os hiper-ricos. A quem, generoso, abre fronteiras, e concede autorizações de residência e títulos de nacionalidade posto que sejam abastados, muito abastados, abastados o suficiente para tornar ainda mais ricos os nativos irmãos de fortuna, comprando-lhes casas douradas, sociedades douradas, entretenimentos dourados.

E a quem permite vidas douradas, sem impostos e sem o espectáculo deprimente da pobreza dos autóctones, apenas diurmente tolerados como submissos serviçais low cost e convenientemente despachados, mal a noite cai, para o urbanismo concentracionário das periferias, dos subúrbios, das zonas J e dos quartos de aluguer.

Hiper-ricos a quem, por outro lado, apesar de não pagarem impostos que se vejam – como esfalfada mas inutilmente vêm denunciando Thomas Piketty e Joseph Stiglitz – muito afligem os liliputianos nos salários dos servos e as liliputianas reformas dos servos.

E que, no intervalo das vernissages, muito se escandalizam – oh horror dos horrores! – com rendimentos mínimos garantidos e demais prestações malfeitoras do abominável Estado Social.

São uns ingratos. Pois fingem esquecer que Estado financia as prestações sociais concedidas aos servos com impostos daqueles privativos. Impostos esses que, em passe de mágica digno de um anti-Robin Hood, são o maná constituinte dos donativos, subsídios, prebendas, rendas e demais subvenções a fundo perdido a que os hiper-ricos têm, ao que consta, merecido direito de natureza quase divina.

Há que corrigir Lampedusa. É preciso que tudo – ou alguma coisa – mude, para que tudo realmente mude.

Manuel Castelo Branco – Docente do ISCAC, in Diário As Beiras (08/10/2022)

O que fazer para travar o aquecimento global?

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Muito se tem falado dos novos modelos de organização social, mais sustentáveis ecologicamente, socialmente mais justos e economicamente solidários, necessários para a mudança transformadora que ligar com as alterações climáticas sequer.

Mas na verdade quase sempre estamos a falar em modelos económicos, quando a mudança tem de ser mais ampla e incluir as estruturas sociais como um todo (com os seus sistemas sociais, económicos, políticos e culturais) e simultaneamente os indivíduos com os seus estilos de vida. É da relação dinâmica e complexa entre estas duas dimensões (estruturas e sujeitos) do problema (aquecimento global) e da necessária ação para com ele lidar que se abre a possibilidade da mudança transformadora que permitirá atingi os níveis de emissões que não ponham em causa as possibilidades de vida futura, tal como hoje a conhecemos. A natureza da mudança que aqui se requer é tanto individual quanto colectiva. Exige por isso mudanças profundas nos sistemas socioeconómicos tanto quanto nas convenções culturais e que são por natureza lentas de fazer. Neste contexto, as necessárias mudanças nos estilos de vida implicam a ação de reduzir o consumo (e que está na génese de outras ações) para lidar com o aquecimento global. Estas mudanças devem ser sustentadas, isto é, resultar de opções conscientes, voluntárias, ou até serem impostas através de políticas e sistemas de sanções. Na verdade, sabemos que as políticas atuais são insuficientes para atingir o almejado objectivo dos 1,5 graus. No entanto sabemos que dos estudos que as pessoas se manifestam favoráveis a uma responsabilização pública maior dos Estados, e, portanto, favoráveis a uma responsabilização pública maior dos Estados, e, portanto favoráveis a uma responsabilização pública maior dos Estados, e, portanto favoráveis a uma intervenção maior neste domínio. Apesar disso, a participação e cooperação entre os diversos atores (individuais e colectivos, cidadãos, organizações e governo local ou nacional, europeu etc.) é imprescindível para proporcionar os cortes urgentes e necessários nas emissões de carbono e ao mesmo tempo garantir o bem-estar de todos/as.

Porque o tempo não pára e os Estados demoram a fazer o que lhes cabe, e nunca é demais repetir, deixo aqui algumas das ações que todos/as nós podemos adotar a nível individual e que requerem mudanças e ajustes nos estilos de vida, para além da necessária redução do consumo em geral, como sejam as seguintes, entre outras, e que falaremos seguramente e com mais detalhe futuramente:

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– Poupar energia em casa e mudar para fontes de energia renovável sempre que possível;

– Andar mais a pé, de bicicleta e transportes públicos;

– Comer mais vegetais oriundos de cadeias locais, e menos carne;

– Reutilizar e reparar mais, reciclar;

– Plantar árvores e proteger a natureza;

– Criar espaços verdes acessíveis a todos/as;

– Poupar água;

– Deixar de sair plásticos;

– Viajar menos de avião;

– Fazer ouvir a sua voz.

Fátima Alves – Professora Universitária e Socióloga, in Diário As Beiras (17/09/2022)

As Crianças e a Internet

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As novas tecnologias revolucionaram o mundo, vieram para simplificar as “nossas vidas”, em todos os sentidos, há que as aproveitar e saber utilizar.

Hoje a maior parte dos humanos, não vivem sem Internet e é, pois, esta nova tecnologia que se tem mostrado eficiente na comunicação e na transmissão de informações.

O seu uso deverá ser sem dúvida saudável, para não se gerarem riscos.

As atenções especialmente para com as crianças deverão ser redobradas, cabendo aos pais essa tarefa de gerir e moderar o uso deste novo “brinquedo” e sobretudo atenção aos pormenores que poderão de facto, fazer a diferença.

Cada vez surgem mais notícias de crianças que de algum modo, seguem/imitando por assim dizer, desafios potencialmente fatais. Nos Estados Unidos, Austrália, Itália, aconteceram fatídicas situações em crianças.

Deixo aqui um alerta para que os pais sejam os primeiros, a redobrar a atenção, acompanharem e alertarem as crianças, a tomarem cuidado nas suas atividades e momentos de diversão, do mesmo modo que os ensinam noutras circunstâncias diariamente e nomeadamente em pormenores básicos do dia a dia, a não falarem com estranhos, ou inclusivamente até a atravessarem a estrada. Essa informação deverá ser acompanhada de argumentos de ensinamentos, de diálogo, para que elas entendam os riscos e os perigos que correm, quando “navegam” nas redes sociais.

Há quem sugira que o proibir, não será a melhor opção, pois eles sempre arranjam outras formas de chegar às redes sociais, nem que seja com os amigos nos intervalos das aulas.

Assim deverão ser então os adultos e como “adultos que são”, a serem os primeiros a dar o exemplo, consciencializando que todo o cuidado é pouco para efectivamente se navegar seguramente na internet. Não devendo “publicar” fotos de crianças, pois poderão cair em mãos de criminosos e divulgados em sites de pedofilia e de prostituição infantil. Devem restringir as suas redes sociais só a amigos. As crianças não deverão usar a webcam, não trocar fotos e informações.

Outro alerta, não menos importante, o de não deixar que as crianças entrem em sites desconhecidos, pelo que o deverão fazer sob a supervisão de um adulto e ainda avaliar o acesso, preferencialmente em local visível. Verificar com quem os filhos estão interagindo on-line. É importante orientar as crianças a conversarem apenas com familiares e amigos conhecidos. É fundamental que elas não troquem mensagens com estranhos, pois isso diminui o risco que algo indesejado aconteça.

A supervisão poderá ser “dirigida” para sites, canais e programas que apresentem conteúdos educativos e relevantes, que serão, pois, uma oportunidade para mostrar às crianças que na Internet, há efectivamente matérias positivas, uma abordagem de temas interessantes e que inclusivamente se poderão divertir.

O desafio é, pois, e sobretudo o despertar para estes “prós e contras”, onde o diálogo, o acompanhamento, o ensinamento, o equilíbrio sejam “ferramentas”, para que de facto haja, uma navegação na internet sem riscos e ainda de modo a não encontrarem conteúdos ofensivos inadequados e que não gerem conhecimento e/ou acederem a sites e jogos trágicos.

Raul Garcia – Diretor Clínico Domus Vitae, in Diário As Beiras (21/09/2022)

Empréstimo habitação: todas as comissões bancárias explicadas

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Num empréstimo habitação há vários fatores que compõem os custos que pode vir a ter com o financiamento em si.

No caso de um financiamento para a compra de casa terá que ter atenção, nomeadamente, com o custo do crédito em si, que é composto pelo spread, comissões bancárias, juros, prémios de seguros e também indexante (a Euribor nos créditos de taxa variável).

Este indexante, a taxa Euribor, pode afetar o seu crédito habitação na medida em que a sua taxa varia com o indexante escolhido. Ou seja, de acordo com o prazo escolhido, a Euribor varia, assim como a taxa do seu crédito habitação.

Neste artigo explicaremos quais as comissões bancárias mais comuns e também para que serviços do empréstimo habitação são direcionadas. É, no entanto, necessário ter em atenção que as algumas comissões cobradas variam de banco para banco e que uma consulta à Ficha de Informação Normalizada é sempre aconselhável.

Empréstimo habitação tem comissões na abertura e ao longo do contrato

No seu crédito habitação vai pagar várias comissões bancárias, sendo algumas das quais “de uma vez só” na abertura do processo e outras que se vão cobrando ao longo de todo o empréstimo.

Comissão de Avaliação do Imóvel: Para conseguir financiar um empréstimo habitação, o banco precisa de saber de forma fidedigna qual é o valor do imóvel. Para esse fim, é cobrada uma comissão de avaliação que estará, em princípio, na casa das duas centenas de euros.

Há, no entanto, bancos que isentam o cliente do pagamento desta comissão se o imóvel a financiar já for da carteira do banco. É, claro, uma comissão que só se paga uma vez.

Comissão de Dossier: Que, dependendo do banco, também pode ser chamada de comissão de estudo ou abertura. Aqui estão presentes os custos de análise do crédito. É também um valor variável de acordo com o banco e o valor da casa tem influência no mesmo.

Comissão de Formalização: Valor pago aquando da formalização do contrato e que serve para cobrir gastos administrativos e burocráticos que tenham decorrido ao longo do processo. No entanto, há bancos que não cobram esta comissão.

Comissão de Processamento de Prestação: Cada vez que fizer uma transferência da mensalidade do crédito habitação para o seu banco, também estará nisto incluída a comissão de processamento de prestação. Esta, ao contrário das anteriores, não acontece apenas uma vez, mas acompanha todas as prestações que paga ao banco pelo seu empréstimo habitação.

Que outros custos há com o empréstimo habitação? É possível reduzi-los?

Outra “fatia” importante do que paga com o crédito habitação prende-se com o seguro de vida que os bancos exigem aquando da contratação do empréstimo para a compra de casa.

A instituição fá-lo para mitigar o risco de, no caso de um dos titulares ficar impossibilitado de auferir rendimentos, poder na mesma ser reembolsada do empréstimo habitação.

Assim sendo, quando contrai um crédito habitação fica obrigado a contratar um seguro de vida. Mas atenção: não precisa de o fazer na instituição. Pode ir procurar um seguro de vida fora daqueles oferecidos pelo seu banco e, se analisar bem o mercado, pode mesmo poupar dinheiro.

E há ainda outro seguro que é exigido pelos bancos quando pede um empréstimo habitação. É o seguro multirriscos e serve para proteger a casa  (incêndios e fenómenos sísmicos) e também o pode contratar noutra instituição que não no banco onde vai fazer o crédito habitação.

E não se esqueça: também há custos fiscais envolvidos no crédito habitação. Destes destacam-se o Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) que visa a tributação do direito de propriedade sobre bens imóveis em Portugal e o Imposto do Selo que incide sobre o montante pedido de crédito e também sobre as comissões.

Algo que pode levar a reduzir o seu spread junto ao banco é também a contratação de alguns produtos extra nomeadamente ter conta ordenado ou mesmo cartão de crédito com o respectivo banco, ajudando a que o spread seja menor.

Artigo de Finanças Pessoais, in Dinheiro Vivo (11/10/2022)