Neste artigo, olhamos para as principais conclusões do Barómetro do Crédito Habitação 2020 elaborado pelo portal de comparação português, ComparaJá, e apresentamos ainda algumas dicas sobre os fatores que influenciam os bancos na concessão de crédito e as garantias que deve reunir de forma a conseguir negociar melhores condições
Menos de 1 em cada 3 créditos à habitação são solicitados por mulheres
Conforme os dados dos utilizadores do ComparaJá.pt, verifica-se que existe ainda uma grande disparidade na altura de pedir o crédito habitação, sendo os homens, na grande maioria, os primeiros proponentes nos empréstimos.
Os números demonstram que, mesmo nas regiões em que as mulheres têm maior peso, a percentagem de homens a encabeçar o pedido crédito fica sempre acima dos 65%. Neste âmbito, é nos Açores que encontramos a maior percentagem de mulheres enquanto primeiras proponentes no pedido de crédito habitação (35%), sendo que a Madeira fica no extremo oposto, detendo a menor percentagem (22%).
Nos grandes centros urbanos de Porto e Lisboa, que apresentam valores similares (29%), o cenário reflete uma das grandes conclusões do Barómetro do Crédito Habitação 2020 nesta vertente de diferenças por género: menos de um em cada três financiamentos para comprar casa são solicitados por mulheres na qualidade de primeiras proponentes.
Mulheres têm um percurso académico mais completo
Embora apresentem um percurso escolar ligeiramente mais completo, as mulheres assumem muito menos o papel de primeiro proponente no crédito habitação do que os homens.
Segundo os dados do ComparaJá.pt, as mulheres têm mais cursos superiores, tanto a nível de licenciatura, como a nível de mestrado e doutoramento. 39,8% das mulheres são licenciadas, um número ligeiramente superior ao do sexo masculino, no qual apenas 38,8% têm uma licenciatura. O mesmo se passa nos graus de doutoramento/mestrado, nos quais 14,9% são mulheres e 14,1% são homens.
Por sua vez, os homens estão mais representados nos graus de ensino secundário e ensino básico e primário. No que toca ao ensino básico ou primário, 10,3% são homens e 9,9% são mulheres. Já nos que completaram o ensino secundário, as mulheres são superadas pelos homens (36,8% versus 35,4%).
Nível de escolaridade e estabilidade profissional são importantes
No momento de analisar um pedido de empréstimo à habitação, os bancos têm em conta o grau académico e a estabilidade profissional para aferir o risco da operação. Consumidores com mais habilitações académicas, os quais garantam uma maior capacidade de gestão financeira, e que apresentem maior estabilidade profissional, tenderão a obter mais facilmente o seu crédito aprovado e com condições mais competitivas.
Homens pedem crédito mais tarde
Quando contratam o crédito habitação, os homens costumam ser mais velhos do que as mulheres. Dados do ComparaJá.pt revelam que os homens estão mais representados do que as mulheres em todas as idades a partir dos 36 anos.
A diferença nota-se sobretudo na faixa etária entre os 36 e os 40 anos, em que há 27% de homens a pedir crédito contra 25,6% de mulheres. Contudo, também na faixa etária entre os 41 e os 45 anos há uma disparidade significativa: 18,2% de homens versus 17,1% de mulheres.
As mulheres estão mais representadas na faixa etária dos 26 aos 30 anos e, sobretudo, no intervalo entre os 31 e os 35 anos: nestas idades pedem crédito 27,1% das mulheres contra apenas 24,4% dos homens.
Idade limite no crédito habitação
A esmagadora maioria dos bancos não permite que, no final do contrato do crédito, o proponente mais velho exceda os 75 anos. A única exceção encontra-se na Caixa Geral de Depósitos, que tem este limite definido nos 80 anos. Isto significa, por exemplo, que se um casal em que o proponente mais velho tenha 45 anos quiser solicitar crédito, o prazo máximo que poderá ambicionar será, por regra, 30 anos.
Homens apresentam rendimentos mais elevados
Apesar de terem habilitações académicas superiores às dos seus congéneres masculinos, as mulheres tendem a estar mais representadas nos escalões de rendimento inferiores. São mais as mulheres que os homens nos rendimentos até 750 euros e nos rendimentos que vão dos 751 euros aos 999 euros.
Em todos os outros escalões, exceto naquele que vai dos 1.500 aos 1.999 euros, as mulheres estão sempre ligeiramente abaixo.
Rendimentos e património poderão ser fatores determinantes
Os consumidores que apresentem rendimentos mais elevados, à partida, mais facilmente conseguirão aprovação no empréstimo, sendo este aspeto essencial também para determinar o valor máximo de financiamento que o banco estará disposto a conceder.
Regra geral, as instituições bancárias consideram um rácio limite de 40% entre o valor da prestação e os rendimentos mensais do agregado. Neste seguimento, e a título ilustrativo, uma família que apresente um rendimento mensal de 2 mil euros não deverá ambicionar obter um crédito cuja prestação exceda os 800 euros.
Por outro lado, as entidades financeiras procuram também avaliar os bens do agregado para, assim, conseguirem perceber se os consumidores têm algo que possa ser utilizado como eventual garantia hipotecária.
Mulheres compram casas ligeiramente mais baratas
Embora a diferença seja marginal, as conclusões do Barómetro do Crédito Habitação 2020 permitem concluir que os homens tendem a adquirir casas mais caras (acima de 225 mil euros).
Sendo 149 mil euros o valor médio dos imóveis adquiridos pelos utilizadores do ComparaJá.pt, ao observar o gráfico abaixo é possível perceber que apenas uma em quatro famílias compra casas acima dos 175 mil euros.
Valor a financiar e LTV podem influenciar condições do crédito
Alguns bancos fazem depender as condições do empréstimo do valor do crédito a financiar e do respetivo LTV (Loan-to-Value), isto é, o rácio entre o valor do imóvel e o montante do empréstimo. Em certos casos, apenas com uma quantia de financiamento superior a 150 mil euros e com um LTV inferior a 80% será possível aceder ao spread mínimo.
De salientar que, no seguimento de recomendações do Banco de Portugal, as instituições bancárias não estão, neste momento, a conceder financiamentos com LTV acima de 90% (salvo para situações excecionais, tais como são os imóveis do próprio banco).
Mulheres superam homens nos prazos mais alargados
De acordo com os dados dos utilizadores do ComparaJá.pt, as mulheres superam os homens nos pedidos de crédito com prazos mais alargados (intervalos entre os 36 e os 40 anos). 45,4% das mulheres pedem créditos dentro destes prazos contra apenas 42% dos homens.
Em todos os outros prazos, naqueles que vão, por exemplo, até aos 15 anos, dos 16 aos 20, dos 21 aos 36, dos 26 aos 30 anos ou dos 31 aos 35 anos, existe um ligeiro ascendente dos homens sobre as mulheres.
Prazo-limite no crédito habitação
No seguimento das referidas recomendações do Banco de Portugal, atualmente, as instituições bancárias limitam a 40 anos o prazo máximo dos empréstimos para comprar casa. Este prazo-limite deverá ser sempre conjugado com a enunciada limitação a 75 anos enquanto teto-limite no término do crédito para se aferir qual é, caso a caso, o prazo máximo a considerar.
Homens pagam mais no crédito habitação
Pela conjugação do facto de estarem mais representados entre os que compram casas e adveniente da evidência de contratarem prazos mais reduzidos, os homens tendem também a pagar uma mensalidade mais elevada.
Nos intervalos de mensalidades que vão dos 700 aos 999 euros e que excedem os 1.000 euros por mês, o sexo masculino está mais representado do que o sexo feminino. Esta disparidade é particularmente representativa no segmento acima dos 1.000 euros (5,1% de homens versus 2,2% de mulheres). Por outro lado, também existe uma diferença significativa no intervalo intermédio dos 400 aos 549 euros (no qual há 26,3% de homens e 21,9% de mulheres).
As mulheres já estão mais representadas nos grupos que pagam mensalidades até aos 249 euros (16,2% versus 14,5%) ou entre os 250 e os 399 euros (38% versus 33,2%). De resto, destacam-se também no intervalo que se situa entre os 550 euros e os 699 euros.
Subscrição de produtos/serviços adicionais permite baixar prestação
Sendo esta prática denominada de “vendas associadas facultativas”, os bancos usualmente propõem produtos e/ou serviços extra para, como contrapartida, oferecer uma redução dos custos do contrato de crédito, nomeadamente um spread mais vantajoso. Entre as abordagens mais comuns para se obter uma bonificação no spread encontram-se, por exemplo: a domiciliação do ordenado, a manutenção de débitos diretos, a subscrição de cartão de crédito e a contratação dos seguros de vida e multirriscos diretamente propostos pelo banco.