Os célebres festivais da canção (no então designado Grande Casino Peninsular) traziam novas canções, à época muito vocacionadas para elevar as belezas das localidades, quase a servirem de som promocional das suas belezas. Assim, entravam no éter da então Emissora Nacional tornando-se rapidamente em êxitos nacionais.
Madalena Iglésias, por exemplo, em 1965, apresentou-se com a canção “Que Linda és Figueira”, de autoria de António Antão e Carlos Canelhas.
Mas outros temas brilharam nos pratos dos discos antigos, como “Rainha do Mar”, escrita por Artur Rebocho e Artur Ribeiro. A mesma cantora regressou ainda em 1969, sendo musicalmente acompanhada pela Orquestra de José Santos Rosa.
Com modernidade, ritmo e frescura, mas sem abandonar a elegância melódica que vinha seguindo a música portuguesa, os cantores da década de 60 do século XX deixaram um rasto de valor e incontáveis temas que se imortalizaram e vincaram essa época de ouro da produção de grandes compositores. Esses temas ainda hoje se ouvem por aí, constroem o melhor do cancioneiro português mas apenas na mão de alguns coleccionadores de discos antigos.
Madalena, como ela própria escreveu, “ousou ser diferente” e com uma imagem de inigualável beleza, já que “tinhas olhos de cor de mar, um sorriso do tamanho do mundo”, como escreveu Nicolau Breyner, e uma carreira de brilho, fizeram dela uma mulher “feliz” como disse à sua biógrafa, Maria de Lourdes Carvalho.
Madalena Iglésias percorreu a sua profissão/vocação com alto rigor e dignidade, como ela própria referiu. Nascida já no final de Outubro de 1939, em Lisboa, Madalena Lucília Iglésias do Vale, de seu nome completo, inspira-se e entra para as canções, admirando outro nome importante, felizmente entre nós, Maria de Lourdes Resende.
A intérprete protagonizou uma das mais interessantes carreiras da música portuguesa. “Onde Estás Felicidade?”, “Balada das Palavras Perdidas”, “Na tua Carta” e “Setembro” foram alguns dos seus êxitos. Títulos, prémios e distinções internacionais marcaram o seu curto percurso artístico que nunca foi esquecido.
Simone de Oliveira (que também cantou a Figueira!), Artur Garcia, Alice Amaro, entre tantos, pisaram o palco do certâmen, entusiasticamente preparado pela organização, donde sobressaía Severo da Silva Biscaia, o pai da época de outo do turismo figueirense.
Alice Amaro – que também cantou a “Praia da Claridade” – participou no Festival da Figueira, também de 1965, com a canção “Noiva do Mar”, da autoria de Carlos Canelhas (compositor de “Ele e Ela” e muitos outros êxitos) e Álvaro Magalhães dos Santos.
Alice Amaro foi uma das populares vedetas da música ligeira dos anos 1960, tendo iniciado, como muitos, a sua carreira no Centro de Preparação de Artistas de Rádio. Com o tema “A Noiva do Mar”, brilhou e arrebatou o público.
Maria Clara – outra grande voz e que também gravou a marcha do Vapor num disco mandado prensar por João Rocha, o pioneiro da rádio por cabo em época balnear, soube tão bem colocar as palavras do poeta figueirense António de Sousa Freitas com a música de Carlos Nóbrega e Sousa, num patamar que acabou por eternizou aquele trecho musical.
Sons que não se esquecem e que se podem revisitar no canal digital Youtube.